O Quinto homem - parte 18

Veio forte, fino..

Rapidamente levantou-se em um salto.

Com dois passos avistou o Agenor debruçado sobre o poço.

---- Veja!! Oh, meu Deus!!! - o pobre homem saiu quase vomitando para se encostar na parede da casa.

Marcelo chegou na borda do poço e olhou para baixo.

Lá embaixo, no fundo, quase 30 metros abaixo onde podia ver, vislumbrou dois vultos. Dois corpos, jogados, atirados, boiando sobre a água..

Dois.. então...um deles, ainda estava vivo.

O mascarado!

Só podia ser este. Afinal, só dera uma coronhada nele.

Devia ter chamado os outros amigos, e limpado o lugar..

Agora sabia que não tinha volta o que estava fazendo..

Teria que ir até o fim..

Não queria envolver mais ninguém nisso, mas não via outra saída.

Seu Agenor teria que ir pra ele até Floripa, e ver se conseguia pegar sua pasta, onde Giovana devia ter colocado as informações que pegara na biblioteca.

Não via outra solução.

Só de posse dessas informações saberia o que fazer.

manhã de sábado.04 de abril

Quando seu Agenor, foi para Florianópolis, Marcelo aproveitou para ligar para o Delegado Alécio. Pediu se já tinha algo do que tinha lhe pedido quando estiveram conversando.

---- O quê? Tem certeza?

Do outro lado alguém lhe informou que o médico legista diagnosticara que o velho encontrado na casa abandonada no Jardim Eucaliptos tivera um infarto. Rompimento de artéria.

---- E quanto a análise do carro? Nada? porra, mas já fazem cinco dias?

Escutou as desculpas. O mesmo papo de sempre, muito serviço, pouco policial, pouca gente disponível para fazer um serviço sem importância...etc..

----- Tá, mas me deixa falar com o Alécio, faz favor?

Ficou esperando mais uns dez minutos...era a cobrar mesmo.. azar o deles..

---- Alô!! - ouviu a voz forte do outro lado..---- Alécio?

---- É ele, quem fala?

---- Sou eu, nego feio, teu macho...

---- Que é isso cara!! Se liga, isso são modos de falar...detetive frouxo...

---- hahahah... --- esse cumprimento era habitual entre os dois quando se falavam pelo telefone..

---- Que que manda? Sumiu é? Liguei para o teu escritório e ninguém atende? Que que aconteceu?

---- Hii, é uma história longa demais para explicar por telefone, só liguei para saber se tem alguma coisa para mim sobre a lista que lhe pedi..

---- lista.... lista... hãã, a lista? Claro, mas não achei nenhum Ângelo não? Tem certeza que o nome era esse?

---- Tenho, porra!1 sabe bem que eu tenho memória quase fotográfica. Então era como nós pensávamos. O cara era um fantasma, usava um nome falso, e agora?

---- Sei lá !! E a guria?

---- Que guria?

---- A moça lá da Eletrosul? Agora só ela pode te ajudar!!

Meu Deus, ele havia se esquecido de Carla . Como pudera!!

---- Alécio, por favor, escute...

---- Fala cara, fala logo que eu tenho mais o que fazer.

---- A menina corre perigo! Eu estive lá no hospital, quinta feira da semana passada, e tentaram matá-la. Felizmente cheguei na hora! Tinham aplicado insulina nela, ia parecer algo como erro médico...

----- Mas eu coloquei vigia lá o dia todo..

----- Não, foi de noite!! logo depois de eu sair daí, lembra? Pois é, naquela noite fui até o hospital. Na porta do quarto dela havia alguém. Eu até me identifiquei, pensei que fosse um vigia que você tivesse colocado lá .

----- Espera ai meu, que merda toda é essa?

----- Eu te disse que é uma história longa. Estou com um buraco no ombro, fora outros hematomas, e também tem mais dois corpos para recolher..

----- Aonde você está?

----- Não posso te dizer, sinto muito...

----- como?? não pode me dizer? Que merda!! Pede minha ajuda e não quer me dizer aonde está?

----- Olha cara, tentaram me matar de novo, mas quem pagou o pato foi minha secretária. Cortaram o freio do meu carro, mas o meu carro ficou com ela! Tudo naquela mesma noite aonde fui falar com você! Acho que você está cercado, sendo vigiado.

Sentiu um silêncio do outro lado da linha..

----- Tá, e como faço para te mostrar ou entregar essa lista de nomes que você me pediu?

----- Deixa na minha caixa postal, sabe o n.º né?

----- Tá !!

---- Olha Alécio, eu quero que tome muito cuidado. Todas as pessoas que estão tendo contato comigo estão morrendo. Se cuida negão, os caras podem querer te pegar.

---- Deixa eles virem, deixa. Esses filhos da Puta, vão ver o que é bom pra tosse ... tchau ... te cuida também ..

----- Por favor, não esqueça de colocar um guarda de noite lá no hospital, ela corre perigo.

---- Tõ sabendo. Pode ficar tranquilo.

06 de abril. Segunda feira.

Ficou mais dois dias na Casa do seu Agenor. Leu todas as anotações que Giovana fizera. Pelo menos o último trabalho dela ele poderia dizer que fora muito bem feito.

Assim que chegou em Floripa, comprou um par de óculos escuros, cortou o cabelo, comprou uma peruca, e colocou um bigode postiço.

Detestava disfarces, mas precisava usar um nesse momento, para o que ia fazer..

Sabia que estavam a sua caça, e não ia dar bobeira..

De posse das informações que Giovana havia deixado, ele teria que ir até Chapecó, e falar com as viúvas...

Bem que o Delegado Juscelino, poderia lhe dar uma mão.. quem sabe ele poderia fazer isso por lá .. afinal ficava bem mais perto para ele..

Tinha ainda que visitar a Governanta do Dr. Hausmann. Já fazia uma semana que chegara de Itá , e ainda não fora vê-la. Não que não quisesse, mas lhe impediram, e tinha também que falar com o Padre Henrique.

Ligou de uma cabine Telefônica. Contou tudo ao Dr. Jusce, e este disse que iria lhe ajudar, até porque, estava com saudades dos amigos de Chapecó e ia mesmo passar uns dias por lá .

Porém não lhe disse quando ia pra lá ..

Marcelo não quis forçá-lo . Só lhe disse que precisava das informações o quanto antes..

15:40

Entrou na delegacia temeroso que o descobrissem.

Disfarçou o modo de andar.

Ao subir para o 3º andar, se olhou no espelho do elevador.

Os cabelos compridos combinavam com a barba, por fazer. Ninguém diria que estava usando peruca, e o óculos de aro fino lhe dava um ar de intelectual.

Atravessou um longo corredor e ninguém lhe reconheceu.

-- Ei você?!! - um policial lhe grita do lado de lá do balcão de atendimento. Era o Erasmo, jogaram futebol juntos, algumas vezes.

Se o tivesse reconhecido era o fim.