PROSAICO DEVERAS!

Sabe, doutor, tão dizendo por aí que foi eu que fiz aquilo, mas não foi não, não foi mesmo, mas ninguém quer acreditar na minha palavra, doutor, fazer o quê... quem vai acreditar num morador de rua como eu, né mesmo? Ainda ontem eu tava passando por ali e já tinha visto aquele líquido escorrendo pela fresta da porta, porta não, que aquilo parece mais entrada de toca de bicho. Como que é mesmo? Não, nada disso, doutor, já disse que não tenho nada com isso. Essa coisa de dizer dos outros é que tá pegando, cada um fala o que quer, mas inventar assim já é demais, doutor. O senhor acha que eu... acha, né? Bom, então, eu tô é lascado mesmo! Mas que não foi eu, isso não foi. Tá bom, eu assino a bronca... pelo menos ainda chego na hora da janta! Não, doutor, nunca não... é que já ouvi falarem. Na rua a gente sabe de tudo... quer dizer, num é assim também não. É aqui? Nome por inteiro? Tá bom... posso fumar um cigarro?... o senhor tem um pra me arrumar?.. O senhor é gente boa, doutor, posso fumar aqui mesmo? Sério mesmo? Posso fumar lá fora mesmo, doutor? Obrigado! Já volto então, viu doutor?