Do outro lado da rua

Eu estava empolgado! Por culpa do trabalho, fazia tempo que não saia de casa para aproveitar o meu final de semana. Pelo menos, nesse sábado eu estava de folga!

Pela manhã, nem acordei direito e sem tomar café, fui direto pra rua sem nem sequer se despedir dos meus pais.

Seguindo pela Avenida do Cursino, fui direto para o viaduto dos imigrantes. Hoje era dia de futebol!

Acabei chegando muito adiantado. O pessoal foi chegando aos poucos e a partida demorou pra começar.

Era o famoso dois gols ou dez minutos, a quadra estava lotada!

Durante as partidas era mais briga do que futebol. Depois que meu time perdeu várias vezes, eu parei de jogar e fiquei conversando com Magno, meu grande amigo da escola, que eu não encontrava fazia meses.

Enquanto conversava com ele, fui ficando grogue… Aos poucos acabei entrando em um estranho sono, no qual não tinha aquela consciência que sabemos que estamos dormindo.

Quando acordei, acabei levando um susto. Pra mim só tinha se passados alguns minutos, no entanto já estava de noite e a galera do futebol foi embora! Os únicos que estavam por lá era a turma do skate.

Perguntei para um conhecido meu, o Graveto, se ele tinha horas. Ele disse que não, mas já devia ser quase meia noite…

Fiquei confuso e tentei procurar uma resposta para o meu súbito apagão. A única resposta que veio em minha mente foi a de ter saído de casa tendo comido apenas um pedaço do pão… No mínimo foi a fome!

Preocupado tirei meu tênis e shorts de futsal, coloquei minha calça e apertei os passos rumo Avenida do Cursino.

Era uma noite estranha, sem lua e a Cursino parecia um deserto de concreto. Nesse momento, o lugar só tinha comércios de autopeças fechados.

Seguindo caminho, estava próximo a um enorme ferro-velho. Em algum lugar ali, cachorros latiam disparadamente e do outro lado da calçada caminhava uma figura com um blusão e capuz, provavelmente se protegendo do frio que chegara junto com a madrugada.

Subitamente um opala preto passou por mim como um raio e parou do lado daquele sujeito.

Logo eles abaixaram o vidro fumê e em seguida eu escutei uma voz familiar negando alguma coisa… Algo como: não fui eu!

Pensei: Vai dar merda é melhor começar a correr! No instante seguinte, um clarão iluminou a avenida e eu comecei a ouvir diversas rajadas.

Senti um frio percorrer não só a espinha como também minha alma. Tentei correr, mas minhas pernas não respondiam… Olhei para um lado e para o outro e avistei um muro próximo: Pulo ou não pulo? E se eles perceberem eu correndo? Nem adianta, fiquei petrificado de medo!

O carro saiu cantando pneu em minha direção… Rezei para não me matarem! Pensei nos meus pais e nos meus amigos! Por sorte o carro passou do meu lado e continuou em disparada pela avenida… Acho que não quiseram me apagar ou não me viram…

Do outro lado, na escuridão, o homem estava ajoelhado, com as mãos no seu próprio estomago; postado, olhando em minha direção… Em seguida ele caiu de cara no asfalto.

Horrorizado, virei o rosto e segui em direção de casa. Nunca demorou tanto para chegar!

Quando abri a porta, cheguei aliviado. Porém, quando fui para a sala dei de cara com minha mãe, jogada no sofá toda preocupada. Desesperada, ela me disse que meu pai estava preocupado e tinha saído a minha procura.

Despedaçado, finalmente soube quem era a pessoa do outro lado da rua!

Fonte: www.sagaz.wordpress.com