DOUTOR TOIM
O DELEGADO TOIM
Ainda posso ouvir a sua voz no corredor:
- Não me chame mais por esse nome, me diminui me deprimi...
Desde menino que ele tem essa mania de se depreciar... Mas Toim ele sempre foi...
- Agora sou Delegado, ouviu bem, da Policia Civil...
A mais de 10 anos desde que o Deputado Emival lhe arrumou esse emprego é que ele repete todo dia :
- Toim não isso não é nome de Delegado da Policia Civil...
Depois em tão que cassou a cinco anos com aquela falsa loira frajuta é que ele anda com tremenda depressão.
Duas coisas são as que modificam a testa de um homem, falta de dinheiro e dor de corno.
Aquela loiraça nem si quer desce do salto e já anda sacaneando o Delega Toim:
- Toim não, Doutor Antonio...
Após vender mal a quinhão de sua herança da fazenda Palmital e enfiar o dinheiro no...digo no, da loirona é que ele ficou assim meio ressabiado...
Sem mais nem menos partiram para uma discussão que terminou em briga, de briga à pancadaria, de pancadaria, Lei Maria da Penha...
- Cadê a minha amada, cadê a minha herança...Só lhe restou a dignidade do posto.
- Doutor Antonio...
Ai, lá na Delegacia da Mulher foi intimado para comparecer...
Como um Delegado vai comparecer perante uma Delegada, pior sua colega de formatura e companhia de seus folguedos de estudante.
- Lá vai à loira folgada, junto com a “mufufa” da Fazenda Palmital e agora a Dignidade do cargo, ali na Delegacia da Mulher...
Foi muita coisa de uma vez só a um Policial deprimido, pobre e solitário.
- Catapum, um tiro mortal do 38 inseparável bem entre os olhos.
O nosso herói cai debruçado sobre a escrivaninha e qual a surpresa da secretaria ao ve-lo ensangüentado e já sem respirar:
- Oh Doutor Toim...
Goiânia, 07 de janeiro de 2010.