O CASO DA SENHORA ELEGANTE


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Bem vestida, andando com passos seguros, a mulher entrou na Imobiliária. Vinha da capital e por causa de trabalhos para desenvolver na cidade, precisava alugar uma casa. Para ela e seu secretário. Trazia, inclusive, recomendação do padre Zequinha, da paróquia de Santo Antonio, conheciam, não é mesmo? Conheciam, claro, quem não conhecia o padre Zequinha, aquele santo homem! Depois das perguntas de praxe – se queria casa térrea ou sobrado, com quintal ou sem quintal, número de quartos, valor aproximado do aluguel, etc, os corretores passaram vários dias a levá-la de carro para que visitasse várias casas e escolhesse sua nova moradia. Em algumas, logo ao entrar ela se empolgava, olhava minuciosamente para todos os lados, reparava nos detalhes, parecia imaginar seus móveis ali dentro.  Em outras, mal passava pelos cômodos torcendo o nariz. Quando pensaram que finalmente ela havia se decidido por uma bela residência naquele agradável bairro classe média, a mulher desapareceu. Não atendia o celular, por mais que insistissem. Sem a menor idéia do que pudesse ter acontecido, não havia outro jeito senão esperar. Ou desistir.

 

 

Alguns dias depois, às cinco horas da manhã, o telefone tocou no apartamento do proprietário da Imobiliária. Era o vizinho de uma das casas para aluguel, lá nos confins da cidade. Naquela noite ouvira barulhos estranhos, parece que arrombaram uma porta e outros vizinhos viram a luz acesa. O homem chamou a polícia e para lá se dirigiram.

 

 

Realmente a porta tinha sido arrombada, encontraram-na apenas encostada. Entraram e levaram um susto! Malas abertas, roupas e panelas espalhadas pelo chão,  gente correndo na tentativa de escapar pelos fundos...  Mas não deu tempo, a polícia os alcançou. Um homem magrinho em jeans surrado e camiseta chinfrim acompanhado de uma falsa loira protestavam. O dono da Imobiliária ficou pasmo. Parecia reconhecer a fisionomia daquela mulher descabelada, de camisola preta e chinelos de saltinho. Fixou o olhar. Era ela sim, a ‘elegante senhora’ que desejava alugar uma casa num bairro chique daquela cidade, onde tinha ‘negócios’ a desenvolver junto com seu... ‘secretário’!