Minha Vida em 5 atos

Capítulo 1

Tony

A tarefa de corrigir é muito entediante,tão entediante,que quase dormi sobre os livros.Olhei para o monte de provas ao meu lado e desejei ardentemente que ela pegassem fogo.Mas lembrei-me que teria que inventar uma boa desculpa,o que não seria nada fácil,afinal,meus alunos são mais inteligentes do que deveriam.Decidi que ao invés de me desgastar,deveria esfriar a cabeça e relaxar antes de me entregar de corpo e alma a tarefa.Fui a cozinha decidida a tomar um bom café,liguei a cafeteira e enquanto o cheiro do grão tomava conta do local ouvi o barulho da porta se abrindo.Arquei uma sobrancelha e sorri,minha diversão predileta acabara de chegar.Pena que não poderia usufruí-la pelas próximas 4 horas.Não me encontrando na sala ele veio até a cozinha,olhou-me e sorriu,algo que só fazia quando tinha terríveis intenções.

–O que faz acordada a essa hora!?-Foi em direção a geladeira e tomou um pouco do suco de laranja no gargalo.

–Provas!-Respondi curta e grossa.

–Droga,tinha planos para nós!-Ele olhou em minha direção como se quisesse ler minha reação.

–Hum,que pena,bem que eu gostaria de te ajudar,mas...-Desliguei a cafeteira e coloquei um pouco de café na xícara.

–Tudo bem!-Ele fechou a geladeira e caminhou em direção a sala,o segui e me sentei na minha desconfortável cadeira,para continuar com minha labuta.

–Vou tomar um banho,estou exausto!-Ele tirou a camisa e colocou-a sobre os ombros.-Tive um dia difícil.

–Problemas no trabalho?-Perguntei.

–Sim,contrataram um novato e pediram para eu cuidar dele,odeio novatos.-Ele tirou o cinto.

–Hum,sempre soube que o seu forte não era ensinar.-Sorri enquanto bebiricava o meu café.-Vai tomar banho,relaxa e mais tarde a gente se ver.

–Tá,mais tarde!-O mais tarde soou quase como um sussurro rouco.-Não demore.-Ele piscou e saiu.

Voltei as minhas provas,entornei todo café e comecei a passar o olho nas respostas dos meus aprendizes geniais,quando cheguei na metade do monte resolvi tomar outro café,fui novamente até a cozinha e quando estava de costas preparando a bebida, senti o cheiro do sabonete de ervas que ele usava.

–Pensei que já estivesse dormindo.

–Bom,demorei um pouco mais no banho.-Ele caminhou para a geladeira e bebeu o resto do suco.

–Dá para ver,ainda está de toalha!-Sorri e me encostei na pia.

–Gosto de usar saia de vez em quando.-Ele foi em minha direção,me abraçou e me disse algo ao ouvido que me fez rir.

–Enlouqueceu?-Perguntei enquanto desviava meu olhar do dele.

–Por quê? Acha impossível?-Ele me imprensou contra a pia.

–Não,só acho que você exagera as vezes.-Tentei me soltar,mas seus braços impediam minha passagem.

–Qual é professora,não precisa ficar nervosa.

–Não estou nervosa,só quero que você me solte e me deixe terminar de corrigir as minhas provas.

–Tá,eu deixo,mas só depois que me fizer um favor!

–O que?-Juro que minha mente cogitou Ns hipóteses,desde de propostas indecentes até um agarrão,mas ele simplesmente sorriu e me olhou nos olhos.-Desliga o café,tá fervendo.

–Bobo- Empurrei ele de leve e fui correndo desligar o café.

–Enquanto você corrige as suas provas eu vou assistir TV no quarto,vou te esperar,quero te contar algo.

–Conta agora,ora-Agarrei a xícara.

–Hum,o que tenho para contar só pode ser dito entre quatro paredes.

–Certo,ainda faltam vinte provas.-Bebi um gole do café.

–Vinte provas,tudo bem,eu aguento.-Ele me comprimiu contra a pia outra vez.-Ou talvez eu posso adiantar as coisas.-Seu braço esquerdo encontrou minha cintura.-O que acha?

–Tenho escolha!?-A xícara balançava na minha mão.

–Não.-Ele me deu um beijo,um lindo e molhado beijo.-Sabe porque eu gosto de trabalhar com as flores?

–Não.-Olhei para os seus lindos olhos castanhos.

–Porque elas me lembram as mulheres.

–Cantada barata!-Sorri e resolvi colocar a xícara num lugar seguro enquanto ainda podia usar meus braços.

–Pura verdade,elas são sedosas,macias,delicadas,cheirosas e algumas vezes,nocivas e espinhosas.-Colocou-me sentada no balcão da pia.-Como todas vocês.

–Tá,e posso saber que flor te faz lembrar de mim?

–Hum,a única que poderia ser,oras.

–Qual?-Arquei a sobrancelha diante da expressão brincalhona dele.

–A rosa,ou melhor,a rosa vermelha! Trabalhei num jardim hoje em que só haviam rosas vermelhas,pode imaginar o quanto foi difícil trabalhar né?-Sua boca alcançou o meu pescoço.

–Imagino!-Cruzei as pernas em torno da sua cintura e beijei-lhe a boca.-Ainda tenho vinte provas para corrigir-Disse-lhe sussurrando junto aos seus lábios.

–E daí?

–E daí que preciso terminar.

–Não,seus alunos vão entender.

–Hum, e posso saber o que o senhor acha que devo dizer a eles?

–Que tal a verdade?-Ele beijou-me.

–Não acho uma boa ideia.

–Tá,então você inventa que,sei lá,um ET esteve aqui e levou todas as provas.

–Sua professora acreditava nas suas desculpas?-Sorri.

–Não,eu costumava aplicar algo mais,como posso dizer,profissional para convencê-la.-Ele me olhou malicioso.-Se quiser posso te dar uma breve demonstração.

–Por favor,assim eu já fico prevenida se algum dos meus alunos tentar aplicar o mesmo golpe.

–Eu o mato.-Ele me carregou e fomos para o quarto,joguei o trabalho para o alto e resolvi aproveitar a noite de uma forma mais divertida.

Continua...

Carol S Antunes
Enviado por Carol S Antunes em 05/01/2013
Código do texto: T4069566
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