O BRILHO METÁLICO DA MORTE - PARTE I

Cada facada aumentava sua sensação de poder, trazia-lhe um prazer indizível, enchia seus olhos de raiva e ódio que pareciam consumir-se apenas no momento em que o instrumento de metal penetrava pela última vez o corpo de sua vítima e esta não emitia mais nenhum sinal de vida. Ele nunca procurou saber por que aquilo lhe era tão instigante, como sua sede de sangue surgira ou como ela iria terminar. Apenas seguia seus instintos, e matava, esfaqueava, se esbaldava com aquelas cenas horrendas e ia embora, até que seu desejo destruidor se manifestasse novamente.

Desta vez, ele acabava de limpar sua faca suja com o sangue de sua última vítima. Sentado no sofá, em seu apartamento pouco iluminado, na periferia da cidade, ouvia alguma coisa no rádio, uma música triste e melancólica, que combinava com o ambiente lúgubre em que vivia.

Longe dali, Jonas Otto acabara de receber uma ligação e agora punha uma calça jeans e uma camisa de malha com um desenho arrojado de caveira nas costas. Ele era jovem, extremamente inteligente e um caso raro na corporação policial: sua extrema competência e raciocínio indutivo fantástico o promoveram em pouquíssimo tempo a detetive, e falavam até em colocá-lo como inspetor encarregado, o que o deixaria como o segundo em comando, estando abaixo apenas do delegado. A noite estava fria, então ele pôs um casaco preto também jeans por sobre a camisa.

Já há algum tempo trabalhava neste caso, o mais difícil que ele havia enfrentado, parecia ser ali a prova de fogo. A maioria dos serial killers tinha um Calcanhar de Aquiles, um ponto que era só apertar e se entregavam, foi assim com todos os que ele tinha investigado e que conseguira desmascarar com grande habilidade. Mas este era diferente. Os crimes pareciam não ter nenhuma conexão, não tinham motivo aparente, nenhum dado, nenhum suspeito, nada... Apenas uma coisa em comum: o modus faciend, as perfurações à faca, o estrangulamento...

Ser acordado no meio da noite era má notícia, sinal de haver mais uma vítima do Lâmina, como ficara conhecido o Homicida. Otto montou em sua moto esporte preta, cantou pneu e saiu em disparada pela rua deserta...

Jackes Vieri
Enviado por Jackes Vieri em 31/03/2007
Reeditado em 03/04/2007
Código do texto: T432703