Envenenada por taxista.

Trabalho extra a prendera até tarde no escritório.

Ao perceber que seu carro estava com um pneu vazio, resolveu voltar de taxi.

O motorista parecia ser do século passado, a começar pela roupa, por certo comprada num Brechó à beira da falência.

_Boa noite, disse o homem com voz profunda e pausada, colocando a mão enorme e pálida no encosto do banco. Praticamente a “comeu” com o olhar ao perguntar pra onde iam.

Imediatamente a moça disse um endereço qualquer, distante seis quarteirões aproximadamente, e gelou ao ouvir todas as portas travarem assim que o carro começou a andar.

A moça jogou R$50,00 pro motorista e tratou de saltar bem rápido. No feio restaurante, escolheu a mesinha de canto.

Distraiu-se com o cardápio. Ao erguer o olhar pensando que o homem a sua frente era o garçom, deu de cara com o taxista que trazia no antebraço o seu casaquinho esquecido no taxi e na mão que o casaquinho ocultava, um comprimido que colocou no copo da moça sem que ela notasse.

_A moça esqueceu a blusa e o troco. Aqui estão. Boa noite.

Ela não conseguiu responder acometida por repentino acesso de tosse.

Enquanto tomava seu chope pensava pra quem ligar e pedir carona, mas a sua vista estava cada vez mais turva...

Acordou num quarto de hospital. Sua primeira visão foi o pedestal de soro e a tia sonolenta na cadeira ao fundo.

Na televisão ouviu algo sobre a prisão seguida de misteriosa fuga de motorista de taxi que envenenava passageiras.

E voltou a cair em sono profundo.

Deveria ser madrugada, quando com dificuldade abriu os olhos o suficiente pra ver o taxista usando jaleco branco colocar algo na sua bolsa de soro.

A tia dormia profundamente...

Anita D Cambuim
Enviado por Anita D Cambuim em 01/10/2018
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