MORTE SÚBITA

A noite caiu silenciosa sobre a cidade, chegou trazendo tantas incertezas, as ruas desertas e mal iluminadas, pois a lua insistia em não aparecer, ela não queria dar o seu espetáculo prateado no céu e nem iluminar os caminhos, parecia até que estava sofrendo, sentindo um vazio profundo e, deixava o cenário triste e sombrio. Rute vestia preto, olhava emocionada para um canto qualquer da imensidão do nada, pois a dor da sua perda era muito maior que tudo, as lágrimas escorriam sem controle, sentia um aperto no coração e uma punhalada que dilacerava a sua alma. O silêncio foi quebrado pela voz suave de Maria Helena, a melhor amiga de Rute, que ficou ao seu lado durante todo velório até a hora do sepultamento:

- Rute querida, chegou o momento de irmos embora!

- Eu não posso Lena, pois Eugênio era a melhor parte da minha vida. Eu não quero deixá-lo sozinho, foi um adorável companheiro, meu amigo na alegria e na dor. Impossível viver sem ele! Disse-lhe Rute sem parar de chorar.

- Minha amiga, seu esposo precisa descansar, você agora vai seguir seu caminho sem ele, pois já é noite e o funeral terminou. Disse-lhe Maria Helena totalmente emocionada.

- Não, eu não posso! Deixe-me ficar, por favor Lena! Rute aos prantos gritava e, logo depois desmaiou...

Rute era uma jovem meiga e bastante bonita, era casada há muito tempo com o engenheiro Eugênio Avelar. O casal tinha um excelente relacionamento, um casamento perfeito, pois eles se amavam e se completavam. Porém o destino mudou a vida deles, pois Eugênio teve uma morte imprevisível e inesperada. O casal e alguns amigos foram passar um final de semana no campo e lá Eugênio foi encontrado morto na piscina. A causa oficial da morte de Eugênio foi afogamento, mas várias dúvidas, diferentes teorias e muito mistério envolvia esse caso. Rute foi a única pessoa a vê-lo na piscina, pois os demais amigos informaram que não viram Eugênio no local da cena do suposto acidente.

Aproximadamente às sete e meia da manhã do dia seguinte, Rute acordou daquele terrível pesadelo, ainda muito transtornada e triste pela morte e ausência do querido marido. Ela ficou sentada por horas na cama, quando Maria Helena entrou no quarto e falou com ela:

- Rute, um investigador telefonou para falar contigo, mas você estava dormindo e eu não quis acordá-la, ele me disse que uma nova testemunha poderá mudar os rumos das investigações sobre a morte súbita de Eugênio.

- Lena, nós sabemos que a causa da morte de Eugênio foi por afogamento, e já foi oficializada, não quero mais falar sobre isso, por mim esse caso já está solucionado. Respondeu-lhe Rute.

- Rute, minha amiga, você sabe que a mãe de Eugênio não descansará enquanto não forem esclarecidos todos os fatos e as dúvidas que permeiam esse caso. Disse-lhe Maria Helena e depois saiu do quarto.

Rute tomou o seu desjejum matinal, a primeira refeição após o sepultamento de seu inesquecível Eugênio, entrou na sala de leitura, pegou o jornal do dia e ficou lendo as últimas notícias. De repente, o telefone tocou insistentemente, ela atendeu a ligação e saiu em seguida...

Já era final de tarde quando Rute chegou em casa, ficou na sala assistindo os vídeos dela com Eugênio, relembrando os agradáveis momentos juntos, permaneceu sentada e chorando por horas. Repentinamente, alguém tocou a campainha, ela se levantou e foi atender à porta.

- Boa tarde, senhora! Eu sou investigador da Delegacia de Homicídios e preciso conversar com a esposa da vítima, do senhor Eugênio Avelar.

- Boa tarde, senhor! Eu sou Rute Avelar esposa do senhor Eugênio. O senhor falou Delegacia de Homicídios! Em que posso ajudá-lo? Perguntou-lhe Rute.

O senhor investigador olhou fixamente para jovem e, explicou-lhe que a única testemunha que podia ajudar na elucidação do caso Eugênio, foi atropelada e morta às 14h30 daquela tarde e que a mãe do senhor Avelar pediu o arquivamento do caso, que poderá ser reaberto a qualquer momento, se necessário. Rute ficou imóvel, sem saber o que responder, mas resolveu falar:

- Senhor investigador, o caso de meu querido Eugênio já estava arquivado, pois sabemos perfeitamente que a causa da morte dele foi afogamento, um trágico acidente, portanto eu só espero que vocês deixem meu falecido esposo descansar em Paz. Disse-lhe Rute.

- Senhora, a mãe do seu falecido marido, Eugênio Avelar, havia reaberto o caso, porém ela mesma pediu arquivamento, como já relatei anteriormente. Disse-lhe o investigador.

- Hum! Então, adeus senhor! Disse-lhe Rute.

- Até logo mais, senhora! O investigador saiu sem olhar para trás.

Os tempos passaram e após dois anos da morte do engenheiro, Rute Avelar se casou com o seu melhor amigo. O caso jamais foi reaberto, mas para os amigos de Eugênio a morte dele continuava sendo um mistério, mesmo que nenhum suspeito houvesse sido preso anteriormente.

Elisabete Leite – 23/10/2018

(Personagens fictícios e história real)

Elisabete Leite
Enviado por Elisabete Leite em 28/10/2018
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