Serial Lover 

Das roupas largadas pendiam seu jeito desleixado de ser. Sempre pensou que nada podia ser melhor que uma ponte pênsil. Adorava se perder no quadro A ponte Langlois no Arles com mulher lavando de Van Gogh que na verdade foram quatro quadros. Gostava de ver a chuva fina sem compromisso, jogar moeda na calçada para ver criança pegar. Este era o perfil daquele que vê o mundo de forma relaxada. Sinclair sempre se definiu assim. Sou o último romântico do século passado. Com seus quase 40 anos passou por vários casamentos, muitas mulheres mas nada que pudesse dizer fez algo marcante na vida.
Mas foi lendo um livro que surgiu a idéia, ele iria se transformar naquele momento no primeiro serial lover da terra. Mas afinal qual seria o Modus Operandus de um serial lover? Como deveria assinar ou executar os seus “crimes”?
Não sabia. Apenas inaugurava o pensamento de como poderia tirar prazer deste novo prazer que nascia dentro dele.
Serial Lover. Por mais que repetia mais gostava deste termo.
Como seria matar de prazer? Como deixar maracás para eternidade? Como seduzir suas vítimas? Não pensou muito. Queria colocar logo em prática.
Havia sim uma garota loira, muito bonita que trabalhava junto com seus pais em uma loja perto de sua casa. Sempre se encantou por ela. Ela será a escolhida. Ela com seus 22 anos, esbanjando juventude, louca por um grande amor... Sim. Seria ela.
Se vestiu de forma especial, demorou-se bastante no espelho arrumando seus longos cabelos negros. Fitou bem seus olhos, uma cor incomum, cinza esverdeado... Sempre achou que o cinza tem vários tons. O dele era verde. Selou o desafio.
Hoje era o dia de fazer a primeira vítima do serial lover.