O MiStÉRiO da GiLeTe ANTIGA

Amós Caiado havia bebido demais, misturando a bebida de final de semana com seu remédio de ansiedade.

Era uma noite de domingo, quando Amós percebeu (???) que sua barba estava crescida, isto é, já despontava e incomodava... perfurante como um raspador de coco.

Ele então foi em busca do barbeador, mas não conseguia acertar com o caminho até os seus objetos de uso pessoal no banheiro. Acabou entrando no quarto de visitas onde seu avô havia estado hospedado até poucos dias atrás.

Lá, deu de cara com um estojo de barbear “das antigas”, que era composto de uma lâmina (gilete) cuidadosamente presa à ponta de uma plaquinha ajustada ao final de um bastãozinho de aço.

Amós sabia que seria péssimo aparecer no escritório, em plena manhã de segunda-feira, com a barba ainda por fazer. Seu chefe era exigente e implacável com o setor de atendimento ao público, do tipo: camisa de mangas compridas, gravatinha no lugar e cara lisinha brilhando.

Para prevenir problemas, seria melhor Amós usar aquilo que tinha em mãos porque sabia que logo cairia na cama e não veria o tempo passar até que o despertador disparasse na hora de ir trabalhar.

Começou um ritual inusitado. Amós brandia aquele instrumento que nunca havia utilizado, embora tivesse várias vezes presenciado o avô habilmente fazendo a barba com “aquilo”.

A esposa de Amós dormia desde as 22h00, sem escutar o barulho do ritual:

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— Ai...! Uh! Êita! Mas que m* é essa? Nossa! Mas que raio de barbeador é esse? Ooooh! Raios! Vô, você me paga! Aaaaaiiiiii...!

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Dia seguinte, no escritório:

— Caiado! Mas o que foi isso? Quem fez isso com você?

— Não sei! Acordei no chão do banheiro, com sangue pra tudo quanto é lado. Não me lembro de nada, nem mesmo de quem pode ter feito isso comigo. Minha mulher estava no quarto dormindo e afirmou que nada escutou. Já dei queixa...! Tá aqui o ‘B.O.’ que registrei. A sorte é que minha mulher é enfermeira e manicure.

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Pobre esposa do Amós Caiado!

Passaram um tempão tendo a coitada da esposa como suspeita...!

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Da série: “A vida imita a arte de barbear”