Fruto da estupidez

Perto de onde adolescente vivi

num bairro pobre e distante do centro de Recife

e, portanto periférico

intitulado Engenho do Meio,

por antigamente ter naquelas terras

existido um engenho de cana de açúcar

localizado realmente em seu centro

e, portanto no meio,

quando foi vendido e desmantelado

e, como toda a sua área se transformou num bairro

então com esse nome passaram à lhe chamar

e, assim ficou na realidade.

Portanto, quando nele fomos morar

por tudo relativamente ser barato

apesar do único meio de transporte público

serem realmente cinco ônibus elétricos

da Inglaterra comprados,

pois em 1970 o nosso país

lamentavelmente ônibus pouco produzia

e, realmente quase tudo era importado

por não termos essa tecnologia

e, contanto não sermos avançados.

Vividamente lembro-me que nesse bairro

dividido em duas vilas "Nova e Velha",

como comumente todos chamavam,

a vila velha era formada de lavadeiras

e a nova constituída de pessoas

que décadas após a sua construção chegaram

como foi no nosso caso.

E, apesar dele existir trabalhadores

com o tempo lhe deixaram

porque infelizmente o crime

inclusive até mesmo os bárbaros,

se via ou ouvia regularmente

como foi o caso de uma criança que morava

dois blocos ou quarteirões de distância da gente

e, porque o seu pai não tinha escolaridade

não conseguia encontrar bons trabalhos

e, por ser um venerato alcoólatra

literalmente vivia de biscaites

e, por ser realmente violento

nstia quase todo dia no único filho,

porque as outras quatro eram meninas

e nunca lhes bateu, de fato.

Nos mudamos e após alguns anos

antes de imigrar para os Estados Unidos,

me encontrei certa vez com um conhecido

que me falou que aquele menino

tinha se tornado num assassino

porque o próprio pai tinha matado

e, confesso não ter ficado surpreso

porque desde criança aquela linda criança

sofreu terríveis tratos pelo seu próprio pai

que, segundo a sua mãe

que também dele muitas vezes apanhou,

dizia tanto a polícia como aos seus vizinhos

que ele era um homem bom,

fazia isso devido a bebida,

razão que nunca entendi, é claro.

Quanto ao seu filho

lhe matou com dois tiros e agora

encontra-se fugido,

tornando-se além de criminoso

também um fugitivo da lei, de fato,

e, apesar desse caso ser horrível

francamente não me surpreendeu

por causa dos terríveis abusos que sofreu

e, a sua mãe por medo ou ignorância

tudo aguentou calada

incluindo os abusos que ela própria sofreu

sem nunca a ninguém dizer nada.

Achei isso tudo ser uma lástima

pois, bem que poderia ter sido evitado,

daí não ter ficado surpreso

e, embora achar isso muito triste

francamente vejo que aquele menino

foi uma vítima da ignorância e da estupidez

infelizmente sempre presente em seu meio.

Silvio Parise
Enviado por Silvio Parise em 29/10/2023
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