Conto Sem Título

Jhon revirava-se na cama sem conseguir dormir, sua cama ficava a baixo de uma cortina preta com diversos olhos brancos desenhados, centenas deles, cada um olhava para uma direção diferente, alguns estavam fechados. Jhon ergue sua cabeça como se ouvisse um som que apenas ele escuta ele abre um pouco a persiana em sua janela com vista para o escritório de seu pai Jhon vê Amanda, uma das duas empregadas da casa, semi nua deitada na mesa de Eduard, seu pai, esse praticava sexo oral nela Jhon fica observando seu pai.

Amanhece, Jhon colocava seu terno preto com risca de giz enquanto olhava para o escritório de seu pai, agora vazio, ele dá um nó na gravata e ouve uma batida na porta. Era Amanda.

Amanda: O café está pronto senhor.

Ela olhava para baixo como uma boa criada, já Jhon não conseguia fixar seu olhar no chão enquanto terminava de se arrumar.

Jhon: Já estou indo.

A empregada se retira e Jhon fica olhando o caminhar e o balanço dos quadris dela em seguida volta para o quarto onde termina de se vestir.

Ao chegar na sala de jantar ele encontra Eduard sentado a mesa. Ao seu lado direito estava Amanda e ao esquerdo Ana.

A mesa de 20 metros de comprimento trazia um banquete, no centro desta um leitão assado com um buraco no centro por onde Jhon podia ver Eduard que começa a rir.

Eduard: Muito bom filho. Venha se servir.

Ele lambe os lábio e ri mais alto ainda. Jhon senta-se a mesa e serve-se enquanto lia o jornal se esforçando para não olhar seu pai.

Eduard: Então? Como vão as ações?

Jhon: Em alta, como sempre.

Seu pai bebia um copo de vinho enquanto estava com a outra mão em baixo da saia de Ana acariciando os quadris dela. A empregada permanecia imóvel como se nada acontecesse.

Eduard: Bom. Muito bom! A minha empresa é como um adolescente na frente da namorada: sempre para cima – ele começa a gargalhar – isso por que você é a namoradinha perfeita seios firmes, lindas pernas e uma bunda durinha.

Eduard tira as mão de baixo da saia de Ana em seguida dá um tapa na bunda dela enquanto ri, Jhon fica envergonhado e continua lendo o jornal.

Eduard: Não vire uma puta velha.

Jhon: O que?

Eduard: Meu pai sempre me disse “não vire uma puta velha”, alguém que se contenta com qualquer coisa. Seja uma prostituta de luxo chupe se for preciso mas não por menos de 100 mil.

No escritório Jhon terminava de ler um relatório, sentado em sua mesa, apenas a parte de trás estava de pé o que revelava as pernas de Jhon, a outra metade estava caída chão Lila, sua secretária, pede licença entrando no escritório para entregar-lhe alguns documentos, ele sorri e agradece. Enquanto Lila caminha para fora de sua sala dezenas de mãos brotam do chão.

A noite ao entrar em casa ele ouve os gritos de prazer de seu pai, as palavras tomam formas de fragmentos de corpos nus que circulam Jhon. Uma estrada de tijolos amarelos surge em sua frente levando a um gigantesco par de seios. Jhon cai de joelhos no chão.

Ele estava do lado de fora do escritório de seu pai encostado na parede do escritório deixando-se escorregar até o chão ouvindo os gemidos que vinham de dentro, a porta estava entreaberta, Jhon olha pela fresta e vê Ana apoiada na mesa e seu pai atrás dela gritando.

Na manhã seguinte Jhon acorda, após repetir a rotina ele vai a sala de jantar, mas não encontra seu pai, a cadeira de Eduard estava vazia e em chamas Amanda e Ana estavam de pé, uma em cada lado da cadeira, uma labareda provinda da cadeira alcança o teto, com a iluminação Jhon tem a impressão de ver as duas empregadas nuas por um segundo.

Amanda: Seu pai pede desculpas, mas ele está terminando uma negociação e logo se juntará a você.

Jhon: Esta bem.

Ele começa a ler o jornal, mas não consegue se concentrar, as duas empregadas permaneciam de cabeça baixa Jhon olhava para Ana e depois para Amanda.

Amanda: Deseja algo senhor?

Jhon: Não... a... quanto... a quanto tempo você trabalha aqui?

Amanda: Três anos senhor.

Jhon: Nossa... tudo isso. E você Ana?

Ana: Dois anos senhor.

Eles escutam a voz de Eduard que vinha de dentro do escritório e atravessava toda a casa.

Eduard: Amanda traga sua bunda até aqui.

Ela caminha segurando o riso, Amanda o encontra no corredor, Eduard acaricia o seio dela sobre a roupa e entrega um envelope.

Eduard: Logo vocês terão companhia, você deverá recebe-la.

Ele dá um tapa na bunda de Amanda enquanto afasta-se rindo ele se senta a mesa olhando para seu filho, Eduard chupa seus dedos e ri mais uma vez.

Eduard: Eu amo o meu mundo e você filho?

A noite Jhon caminhava pelas ruas da cidade escondendo seu rosto com a lapela de seu sobretudo, ao seu redor surgem dezenas de mulheres gigantescas sem rosto tendo apenas uma massa disforme no lugar deste com longos vestidos de festa.

Ele lembra-se de quando era uma criança estar escondido na casa lembrando-se de uma discussão entre seus pais.

Mãe: Como você pode fazer isso?

Eduard: Eu “como” quem eu quiser e você não tem direito de falar nada.

Mãe: Seu nojento.

Eduard: Você se esquece que eu tirei seu rabo das ruas?

Mãe: Eu te odeio.

Ao chegar em casa ele encontra Ana que o cumprimenta com a cabeça e o leva ao escritório de seu pai, o caminho estava coberto por carcaças decompostas uma hiena que se alimentava de restos mortais não identificados rosa ferozmente para Jhon, que a olha assustado pouco antes de entrar no escritório de seu pai. Eduard estava sentado atrás de sua mesa, baratas e ratos correm sobre seu rosto e corpo.

Eduard: Temos uma reunião amanhã, alguns investidores estão pensando em abandonar a empresa e levar alguns diretores com eles.

Jhon: O que faremos?

Eduard: Vamos comer o rabo deles – e ri alto – mas não é por isso que eu te chamei aqui.

O pai de Jhon senta-se enquanto a porta abre e uma nova empregada entra timidamente no escritório, ela para de cabeça baixa próxima a porta.

Eduard: Essa é Elisa e a partir de hoje ela vai trabalhar aqui.

Jhon fixa seu olhar em Elisa perdendo-se em sua beleza, a garota percebe e olha para o chão.

Durante a noite Jhon, cercado por lírios, vigiava o escritório de seu pai de dentro de seu quarto, a luz do escritório acende, Eduard entra, tira seu paletó jogando-o sobre um pequeno sofá, Elisa entra atrás dele olhando para baixo.

Eduard: Feche a porta.

A garota obedece.

Eduard: O que você está fazendo?

Elisa: Senhor?

Eduard: Venha sente-se na mesa.

A garota obedece, Eduard segura seu rosto firmemente e o ergue para olhar em seus olhos.

Elisa: Por favor senhor.

Eduard: Por favor? Do que você está falando? Você é minha. Seu pai a vendeu e agora você trabalha aqui.

Elisa: Me falaram que eu seria sua empregada.

Eduard: E será.

Ele a deita na mesa começando a abrir a blusa de Elisa que fica pedindo para que Eduard não o faça. Ele a ignora acariciando seu corpo.

Eduard: Com que você está falando? Com o seu pai que a vendeu para pagar suas dívidas de jogo? Ou com sua mãe que se matou pois você nasceu e estragou a vida dela?

Ela fica em silêncio e olha para o lado sem esboçar nenhuma reação.

Eduard: Você é um cachorro que foi abandonado. Agora eu sou seu dono. Sou seu pai.

Eduard a beija e termina de arrancar sua roupa. Sendo observado por Jhon este socava a parede repetidas vezes, uma barata gigante senta-se na cama de Jhon cruzando suas patas, ela o encara enquanto come um lírio com ar de sarcasmo

No dia seguinte Eduard e Jhon estavam na empresa diante de dois investidores que sorriam vitoriosos.

Investidor: Então o que acha da minha oferta?

Eduard: Eu tenho uma contra oferta. Por que você não fica de quatro, rasteja até aqui e chupa o meu pal.

Investidor: O que?

Eduard(de pé): Eu já demiti os diretores que estavam ao seu lado, comprei suas ações e as repassei, vocês não tem mais nada.

Investidor: O que?

Eduard: Vocês não são nada, são lixo, são o esperma que fica na camisinha. Fora daqui antes que eu decida comprar as suas bundas. Ninguém me chantageai entenderam? Ninguém!

Os dois recolhem suas coisas e saem da sala, passando pela hiena que parecia “rir” da situação, Eduard sorri para seu filho, que nada faz, Lila bate a porta.

Jhon: Lila?! Pode entrar.

Ela entra e sorri ao entregar um documento para Jhon.

Lila: Esse é o contrato da nova campanha de marketing.

Eduard olhava as pernas dela e sorri mordendo seu lábio inferior.

Jhon: Obrigado.

Ela dedilha seus dedos sobre a mão de Jhon e vai embora.

Eduard: Qual é o gosto?

Jhon: Como?

Eduard: Sua secretária, que gosto tem?

Jhon bufa e sai da sala, seu pai ri e o acompanha rindo pelo corredor ambos entram no elevador. Sua porta era uma boca com dentes pontiagudos que os engole.

Jhon: A nova empregada...

Eduard: O que tem ela?

Jhon: Onde você a contratou?

Eduard: Pode dar uma volta se quiser.

O elevador para, o pai sai mas o filho fica olhando para o nada, a porta se fecha e ele lembra-se do velório de sua mãe quando todos vão embora Jhon se aproxima do caixão com seu pai olhando o corpo dela coberto por um véu branco que torna-se vermelho enquanto pétalas voam ao redor deles.

Eduard: Como será transar com um cadáver?

No final da tarde Elisa entra no quarto de Jhon com um balde, ele fica de pé.

Elisa: Eu fui comunicada de uma sujeira.

Elisa se assusta, ela olha pela janela e vê o escritório de Eduard.

Jhon: Daqui a pouco meu pai vai levar outra mulher lá.

Elisa: Senhor...

Jhon sai de seu quarto enquanto Elisa terminava a limpeza chorando.

No dia seguinte, no lado de fora de seu escritório, Jhon passa pela mesa de Lila olhando para baixo a secretária espera que ele entre em sua sala para lhe entregar as mensagens do dia, Jhon se assusta com ela.

Lila: Seus recados senhor.

Jhon: Obrigado.

Lila: Posso fazer uma pergunta senhor?

Jhon: Claro...

Lila: O senhor continua solteiro?

Jhon: Sim. Eu tenho muito trabalho.

Lila: Eu também. Provavelmente não encontramos a pessoa certa.

Ela sai da sala e deixa Jhon parado.

Lila estava nua, deitada sobre uma pedra flutuando em mar aberto, apenas ela e a pedra em uma imensidão azul a tranqüilidade é quebrada com uma agitação na água: dois elefantes brancos, com patas de aranhas com cerca de cinqüenta metros de comprimento cada o primeiro elefante trazia uma torre branca em seu lombo, o segundo um pilar com uma mulher dançando sobre ele, os elefantes caminhavam ao fundo, sem perturbar o descanso de Lila.

Alguns dias depois Eduard tirava uma foto ao lado de seu filho, eles comemoravam o lançamento do novo produto. Jhon cumprimentava seu pai quando cruza seu olhar com o de Lila, ela segurava uma taça de champanhe em uma mão e um pedaço de carne crua na outra, ela sorri e bebe um gole de champanhe.

Eduard: Quando uma mulher fica assim só pode significar uma coisa.

Jhon: Provavelmente.

Eduard: Uau! Uma mudança de opinião. Essa garota deve uivar como uma cadela no cio.

Lila lança outro olhar para Jhon e sai do salão principal, caminhando entre dezenas de homens apoiados em bengalas, ela entra em um corredor ao lado de uma hiena deitada no chão, a hiena segue Lila com os olhos e em seguida observa Jhon entregar seu copo a seu Pai e segue Lila. Ambos caminham por um corredor vazio, ao aproximarem-se de uma estátua semi-destruída com pedaços flutuando pelo universo Jhon a segura pelos ombros colocando-a contra a estátua onde a beija apaixonadamente, uma figura andrógina sem forma, cor ou gênero definido, aproxima-se de Jhon, que a olha atentamente a figura oferece um lenço sujo de sangue para ele.

Jhon abraça a figura andrógina e chora enquanto Lila beija gentilmente suas costas.

Figura: Eu sempre vou proteger você.

Jhon beija Lila, uma noiva com seu vestido rasgado passa correndo ao lado dos dois, duas hienas observavam o casal. Ao centro Eduard sorria enquanto fumava um charuto.

Jhon estava caído em uma sala escura, ele houve som de passos, Jhon força sua vista e reconhece um vulto cambaleante, que transforma-se em dois, quatro, dezesseis. Todas mulheres semi nuas com o rosto terrivelmente queimado, as mulheres cercam Jhon que fica caído no chão, elas esticam seus braço tentando agarra-lo, Jhon estava sufocando quando acorda em seu quarto abraçado a um travesseiro.

Ele levanta-se e caminha lentamente pelos corredores, que mais pareciam um labirinto, Jhon saia de um corredor e entrava em outro, um palhaço triste fazia malabarismo ao som de risos infantis de crianças que não estavam lá. Ele aproxima-se do escritório de seu pai, a porta estava entreaberta Jhon olha pela fresta da porta onde vê seu pai sorrindo para ele, segurando um charuto e um copo de vinho, ao seu lado um ovo gigante que se abre de dentro deste surge Lila, Nua segurando um copo de vinho, seu corpo começa a se fragmentar, seus braços separam-se do corpo e flutuam no ar de forma estática, seus seios e seu ventre separam-se de seu corpo, de dentro do ventre surge uma criança disforme flutuando, esta também se fragmenta.

A porta se abre lentamente Jhon estava paralisado. Lila cobre seus seios mas não se preocupa em descer da mesa, permanecendo em estado de puro êxtase, Eduard começa a rir e por fim grita.

Eduard: Eu não falei que ela gritava como uma cadela no cio?

Lila: Eu grito como uma cadela no cio.

Jhon desmaia, ele acorda pouco depois no sofá, Eduard estava de roupão cor de vinho olhando para ele Ana, Amanda e Elisa estavam de pé ao lado do sofá.

Eduard: Foram elas que o trouxeram para cá.

Lila entra na sala com um copo de uísque na mão, ela abraça Eduard que retribui em seguida ele olha para seu filho e ri.

Jhon: O que?

Eduard: Sorria meu filho, com o tempo seu sorriso tornara-se sincero.

Ele se afasta de Lila e caminha pela sala enquanto bebe um pouco do uísque e em seguida joga o copo na parede.

Eduard: Há muito tempo houve uma família feliz, um pai, uma mãe e um filho. Como nós, um dia a mãe morreu, como a sua o pai foi morto, como você deve estar desejando. Não minta eu sei que você quer que eu morra, os inimigos dessa família queimaram o castelo e venderam o garoto para um circo de horrores, lá esse garoto teve os lábios arrancados transformando-o em uma atração, então ele descobriu: O que fazer quando se vive em um mundo podre, um mundo de horrores e perversões? Rir! Ria meu filho! Ria sem parar. Ria dos poderosos! Ria dos seus escravos! Ria da morte! Ria de Deus! Ria meu filho se mije de tanto rir até que sua boca torne-se uma cicatriz tão horrenda que se tornará linda, que se tornará a mais pura alegria e mostre a sua monstruosidade para aqueles que a criaram!

Jhon se levanta e caminha enquanto ri, ele percorre a casa rindo entrando em uma construção no formato de um “V” invertido formado por suas pernas em uma estrutura infinita.

Cobras saem de dentro de um crânio decomposto, sobre a sombra de um corvo de olhos vermelho sangue, o corgo gralha, a vegetação envolve um corpo em decomposição.

Um caixão estava entre quatro velas, Eduard, acompanhado de Lila aproxima-se do caixão de seu filho, ambos param e vislumbram uma foto preta e branca de Jhon.

Eduard: São essas coisas que tornam o mundo um lugar tão engraçado.

Um gigantesco pilar de base grossa e pico fino surge de dentro do caixão. Em seu pico havia um cantor de ópera andrógino e excessivamente obeso cantando.

FIM