Ele entrou, de mansinho, debaixo de meus lençois e eu esperei que me tomasse pelos braços e enroscasse suas pernas ao redor  de minhas ancas.  Procurei não abrir os olhos, pois ele não suportava que eu o fizesse.  Não dei um sussurro e nem um gemido, pois sabia que ele se afastaria. Hoje ele estava mais carinhoso do que sempre e eu, mais desejosa do que nunca.  Podia me comunicar com ele, mas só em pensamento. Não, só em delírio e onírico. Se eu usasse a razão, ele se desmancharia no ar.  Meu mundo não existia sem ele que era a razão de meu viver.  Mas só no meu viver delirante e onírico.  Durante o dia, eu não tinha a menor idéia de quem ele era. Mas a noite, ao adormecer, meu coração se acelerava e eu sabia que nós éramos como duas almas gêmeas. Nesta noite, ele veio e fizemos muito amor. E  foram tantos beijos…
Como eu me lembro disso? Ué, quando eu escrevo, eu lembro de meus delírios.