... Continuação dos capítulos anteriores postados aqui no Recanto.


A lenda de Hiphitusi

 
15. Abaixo de zero
 

Kedaf desembarcou na Sortavala, dentro da República da Carélia, numa época em que o inverno castigava impiedosamente a Rússia.
De lá rumou até a vila Heliulia (Khelyulya), localizada junto ao rio Tokhma, de onde seguiu com seu pequeno grupo para as montanhas.
Ouviram rumores na vila, vindo de alguns caçadores, que dias antes ocorrera um leve tremor na direção em que se deslocavam, mas nada confirmado.
Em períodos normais os locais agora explorados pelo grupo de Kedaf já eram pouco visitados e com o intenso frio abaixo de zero se transformaram em áreas desertas, sem ninguém nos arredores. E isso era algo que Kedaf simplesmente adorava. Quanto mais privacidade, melhor, pensou ele.
Levaram um dia todo para vencer as montanhas geladas e conseguiram achar uma boa chapada para fazer o primeiro acampamento.

                                                    ...

Vanuzia estava agora encontrando as mesmas dificuldades que Kedaf, de uma forma mais complicada ainda, pois o clima onde se encontrava era muito abaixo de zero.
Tiveram que abrir a base de machadadas uma pequena clareira para acampar numa floresta congelada, localizada ao norte de Thompson, no estado de Manitoba, Canadá.
Também como o outro grupo depararam-se com um local inóspito. Mesmo a fauna comum parecia ter abandonado a floresta.
Pelos cálculos da exploradora, levariam mais dois dias no ritmo em que seguiam até chegar numa área determinada e bem mais reduzida, previamente demarcada por ela, onde de fato iniciariam uma exploração mais minuciosa.
O que mais sentia falta agora, enrolada nos grossos cobertores dentro da sua tenda, era do calor de Roi, somados ao seu constante bom humor. Se ela ao menos imaginasse o que ele passava nesse momento, certamente não estaria sofrendo apenas devido ao frio.

                                                   ...

Chegaram dois depois há uma planície cercada de montanhas por todos os lados, num local propício à construção de uma bela cidade.
Era uma área grande, lar de inúmeras pedras dos mais diversos formatos e tamanhos, espalhadas sem nenhum tipo de cadência lógica, como se tivessem sido ali jogadas por um menininho de vinte metros de altura.
A partir do momento que puseram os pés neste local, Kedaf pediu atenção redobrada para os integrantes do grupo, pois de acordo com suas anotações estavam próximo do templo que abrigava o Segundo Quarto. Mas, após mais um dia estafante, nenhuma pista foi detectada.
Haviam coberto cerca de metade da área, então com toda a certeza Kedaf afirmou para todos que no dia seguinte chegariam ao seu objetivo. Pediu para eles descansarem bem e foi repousar. Ao menos tentou.

                                                  ...

Além da baixa temperatura e da dificuldade de se avançar na neve que agora cobria tudo, a floresta se mostrava cada vez mais fechada, sem trilhos.
Haviam chegado finalmente num trecho que precisavam investigar metro por metro e a cada três horas o grupo de Vanuzia tinha que parar para se recuperar do desgaste natural que o trabalho exigia, fazendo assim que uma área facilmente coberta em um dia levasse quase o dobro do tempo.
Com esse fator levado em conta mais o fato de que um dos integrantes do grupo caiu de cama, acometido de febre alta e vômitos, ficaram acampados por mais de um dia no mesmo lugar, com uma nevasca que parecia ganhar intensidade a cada hora. Mesmo assim em nenhum momento passou pela mente de Vanuzia retornar para a cidade. Se fosse preciso seguiria sozinha, deixou bem claro para quem quisesse ouvir.

                                                ...

-- Encontramos algo!
Kedaf seguiu correndo atrás do carregador no fim de uma tarde que o sol resolvera aparecer rapidamente, mas o suficiente para dar uma injeção de ânimo enorme no grupo.
Atrás de duas grandes pedras, quase no final da planície, uma parede rochosa se formara e uma abertura agora sorria para um Kedaf que retribuía o sorriso. Esta passagem não deveria estar aberta, foi a primeira coisa que ele notou, pois partes da parede estavam espalhadas, obstruindo um pouco a entrada.
-- Alguém já foi lá dentro? – Perguntou ele.
Todos negaram.
A escuridão tomava rapidamente conta de tudo quando ele atravessou a entrada de um tipo de caverna com uma lanterna carregada.
Meia hora depois retornou e ninguém precisou perguntar se Kedaf havia encontrado algo, o brilho do seu olhar anunciava que sim. Mas ao mesmo mais um sentimento podia ser visto ali, claro como um dos flocos da neve que voltara a cair. Era uma profunda decepção.

                                               ...

Como duas pessoas totalmente diferentes podiam sentir a mesma coisa, era algo não tão fácil de explicar. Só que era exatamente como Kedaf se sentira que a bela exploradora reagia agora ao recente descobrimento.
O integrante doente se recuperara dois adias antes e como o tempo ajudara, estabilizando um pouco, retomaram com força total os trabalhos e acabaram por encontrar no meio da densa floresta vestígios de um grande afundamento de terra e ao escavarem um pouco em volta do local, chegaram num túnel subterrâneo que não era natural, pois provavelmente fora feito por antigos moradores da região.
E quando perceberam dentro desse túnel que as paredes laterais eram revestidas de pedra, concluíram que estavam a um passo de chegar a outro Lar da Pedra, agora do Primeiro Quarto.
Como é comum nessas horas e logicamente não havia nenhum tipo de sinalização dentro do túnel, escolheram uma direção ao acaso e acabaram chegando a beco sem saída. Retornaram e foi a Vanuzia a primeira a ver uma réstia de luz cerca de vinte metros a frente do grupo.
E assim como Kedaf correu para ver com os próprios olhos mais um achado importantíssimo. E assim como ele também se desapontou.
 

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16. O deserto da Namíbia

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JGCosta
Enviado por JGCosta em 13/01/2010
Reeditado em 14/01/2010
Código do texto: T2027070
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