... Continuação dos capítulos anteriores postados aqui no Recanto.

A lenda de Hiphitusi


27. Entre o início e o fim

 
Ao olhar em torno percebeu que não havia mais água e se sentiu desprotegido, pois estava nu. Continuava ainda a avançar dentro da luz que agora tomava conta de tudo e provavelmente era essa mesma luz que o conduzia. Deixou-se levar com a mente limpa.
Sentiu girando até ficar na posição vertical e suavemente foi descendo até uma plataforma circular que avistou abaixo. Encostou os pés num piso macio, feito um tapete, mas ainda era mantido numa posição ereta pela estranha força que o conduzira até ali.
Aguardou pacientemente enquanto a iluminação abrandava, diminuindo de intensidade e assim que percebeu que todo o ambiente voltava a sua claridade normal, recuperou o movimento de todos os seus membros.
Como que por puro instinto, quis cobrir a parte íntima, mas a paz daquele ambiente deserto o atingiu novamente e entendeu que isso não seria necessário.
Pode observar agora que estava no centro de um tipo de sala de reuniões. O local estava repleto de um tipo de compartimento em todas as paredes, cerca de 10 metros do chão. Não haviam acessos para estas instalações, onde poltronas preenchiam esses espaços, cada qual atrás de um tipo de escrivaninha alta.
Também não existiam portas nas paredes circulares, somente pode perceber a distância uma possível saída no teto. Poderia ser o acesso a um tipo de elevador – pensou – mas uma voz em sua mente lhe dizia que não.
Ficou ali parado, sem pensar em nada por um longo tempo, talvez na espera de um sinal. Como nada aconteceu, Kedaf passeou devagar por todo os cantos, e ao observar mais atentamente as paredes, percebeu que gravuras haviam sido pintadas nas mesmas, em toda a sua volta, só tendo um espaço maior entre duas dessas gravuras. Deduziu que ali era o início e se dirigiu para esse ponto.
As imagens retratadas contavam uma história, talvez a mais antiga delas, e na primeira gravura fora reproduzida uma grande escuridão, seguido pela segunda que exibia um pequeno ponto de luz, inspirando-o a pensar que era o início de todas as coisas.
Sim! – Lhe respondeu novamente uma voz na cabeça.
Prosseguiu vendo as imagens até o final procurando não pensar em nada, somente absorver toda a informação contida. Num breve resumo, ela contava o início da criação do Universo, a formação dos planetas, a interação entre eles através de diferentes formas de vida, as guerras mundiais, as guerras entre os planetas, as guerras inter-galáxias culminando num novo e gigantesco ponto de luz e finalmente a última tela reproduzia uma grande escuridão.
-- Começo, meio e fim! – Disse ele alto.
Exatamente! – disse agora a voz de uma forma mais nítida dentro de sua mente – Mas existe algo mais...
E do nada surgiu uma nova gravura no espaço em que Kedaf considerou existir entre a primeira e a última tela. Nesta somente uma palavra estava escrita, onde as letras tinham dentro do seu formato pequenas construções antigas. Ele nada entendeu a princípio, mas após meditar chegou a uma conclusão confirmada novamente pela voz.
Mas como pode ser possível! – perguntou ele em pensamento. E antes de ouvir a resposta completou:
-- Quero dizer, como o início e o fim podem estar ligados?
Esperou pacientemente e a resposta surgiu, mas nada de fato respondeu.
Isso você mesmo poderá responder com o tempo...
-- Eu?
... caso aceite evoluir do ser que é para um muito superior!
-- Eu tenho alternativa?
A morte!
Então não tenho escolha! – pensou ao que a voz respondeu: Todos têm! Só não sabem ainda...
O falso príncipe fechou os olhos por um longo tempo antes de continuar o seu diálogo com o ser que desconhecia.
-- Afinal onde estou?
Você sabe, está escrito ali!
E Kedaf voltou a mirar a última gravura que surgira diante dos seus olhos.
Você buscou e encontrou...
 

Clique abaixo para ler a continuação:

28. Salni


http://www.jgcosta.prosaeverso.net/
JGCosta
Enviado por JGCosta em 28/01/2010
Reeditado em 29/01/2010
Código do texto: T2055520
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.