... Continuação dos capítulos anteriores postados aqui no Recanto.

A lenda de Hiphitusi


30. De volta para casa
 
 
Vanuzia abriu a sacola e mostrou a Roi o seu conteúdo. Ele a olhou incrédulo e conseguiu perguntar: Como?
Ela não se deu ao trabalho de responder, retirou as partes que formavam a pedra Hiphitusi e começou a colocá-las no centro da parede. Não conseguiu, pois elas não cabiam, faltava espaço para as quatro juntas. Ao invés de entrar em desespero, o que seria muito comum dada à circunstância, procurou por algum detalhe em sua mente.
Lembrou-se então que elas tinham um tipo de encaixe em suas laterais internas. Encaixou as duas partes de baixo uma a outra enquanto Roi encaixava as duas de cima. Depois juntaram a parte inferior com a superior, formando finalmente uma lua dourada.
Assim que a pedra estava completa nas mãos da exploradora, uma luz própria brotou dela e ela pairou no ar na frente deles por um instante, depois flutuou até a parede e se encaixou perfeitamente no entalhe a ela destinado. Sua luz brilhou um pouco mais forte depois se apagou.
Do quarto da parede superior esquerda brotou uma luz vermelha, depois ao seu lado direito, uma luz laranja surgiu seguido pelo verde acendendo no quarto inferior esquerdo e finalmente pelo azul ao lado.
Um clique alto soou e a água começou a sair das saliências laterais na mesma velocidade em que ela desaparecera antes, fazendo que o nível subisse rapidamente, encobrindo aos poucos o casal de mãos dadas.
Assim que o local ficou completamente cheio, a parede que bloqueava a saída começou a descer. Eles somente esperaram que uma pequena abertura surgisse e começaram a nadar para fora, onde já avistavam mergulhadores vindo em sua direção. Se tivessem olhado para trás notariam que uma porta na parede oposta também se abria, mas ficariam decepcionados em descobrir que ela somente conduzia a um salão igual ao que estavam e completamente vazio.
Ao entrarem no mini submarino o tripulante encarregado da navegação informou que toda a aparelhagem voltara a funcionar. Foi só nesse momento que notaram a falta de Kedaf, devido ao desespero que tomava conta de todos em sair dali o mais rápido possível.
-- Ele se foi... -- explicou simplesmente Vanuzia enquanto sentou ao lado de um Roi adormecido numa poltrona macia. Respirou fundo e também rapidamente adormeceu.
Ao acordarem o mini submarino já estava sendo içado para dentro do barco que os aguardava na superfície. Assim que se viram livres dos equipamentos de mergulho, foram direto para suas acomodações e após uma boa higienização, participaram de um almoço junto com a tripulação, onde informaram a todos o sucesso da expedição.
No decorrer dos dias em que ainda passaram no oceano as autoridades foram avisadas sobre o cemitério submerso, o que ajudou realmente a esclarecer diversos desaparecimentos, alguns históricos, sendo atribuído todo o crédito ao grupo.
Desembarcaram no Havaí e Roi e Vanuzia retornaram para o Peru, depois rumaram para o Chile, onde cerca de um mês depois passaram para a imprensa numa nova coletiva todas as informações já previamente documentadas sobre a lenda de Hiphitusi, prometendo até o final do ano um livro contendo todos os detalhes a cerca da expedição, todas as localizações envolvidas, os mapas, e finalmente a comprovação de que tudo não passara realmente de uma lenda.
Haviam discutido antes os pormenores e chegaram à conclusão de que lançar uma febre mundial sobre o assunto não era algo que estava em seus planos e também muita coisa que aconteceu não teriam como materialmente provar, pois até as partes da pedra Hiphitusi que possuíam antes e que estavam em pedaços acabaram por desaparecerem do cofre em que haviam sido guardados.
Terminada toda a euforia inicial causada pela descoberta, os dois resolveram retirar um mês de férias numa casa que compraram em Belmonte, cidade litorânea localizada no sudeste da Bahia, onde a maior proximidade que tiveram do oceano foi nos passeios que fizeram em suas praias maravilhosas.
Não estranharam receber uma semana depois, numa manhã, uma carta vindo da Inglaterra. Ela trazia a informação de que toda a fortuna de Kedaf, que fora dado como perdido no oceano, seria enviada para instituições de caridade da África, como determinado em testamento redigido há mais de um ano atrás.
-- Típico de um príncipe não? -- Disse Vanuzia.
Roi aproveitou a deixa para lhe contar toda a verdade sobre o falso príncipe, para que finalmente não existisse mais nenhum segredo entre eles. Ela acabou aceitando bem.
Deitaram após o almoço despertando quase no final da tarde. Não haviam ainda conversado sobre alguns detalhes de toda a última aventura e ao estarem deitados em suas cadeiras reclináveis na varanda, contemplando mais um belo por do sol no horizonte, falaram sobre o assunto mais uma última vez.
-- Tive um sonho estranho agora a pouco! -- disse Roi.
-- Você também? -- disse ela sorrindo.
-- Sim! Estava num salão redondo cercado de pinturas nas paredes...
-- Espera aí -- cortou ela -- Esse é o meu sonho!
Roi se endireitou na cadeira.
-- Tinha uma elevação redonda no centro?
-- Sim, um tipo de palco...
-- É meu amor, parece que viajamos novamente para o mesmo lugar...
Ela balançou a cabeça.
-- Você lembra das imagens na parede? -- perguntou ela.
-- Eram imagens de planetas, de guerras, sei lá, tudo muito confuso...
-- E o homem alto de preto?
-- Sim, lembro dele... ...estava ao lado de uma figura onde estava escrito...
-- GENGESORE! -- disseram os dois juntos.
Sorriram da coincidência.
-- O que será que isso significa Roi?
-- Nenhuma resposta que eu pudesse dar teria alguma lógica!
-- Mas o que lhe passou pela cabeça assim que acordou...
-- Creio que esse sonho seja uma mensagem que tínhamos que receber! Sabe, um tipo de compensação por tudo que passamos...
Vanuzia ficou séria de repente e se levantou, indo até o fim da varanda. Ficou um tempo assim quieta olhando para o horizonte.
-- Para onde será que ele foi?
Roi se levantou e caminhou até ela, abraçando-a.
-- Não sei! E nem acredito que um dia iremos descobrir.
-- Mas você também acredita que foi ele quem nos salvou, não é?
-- Ou ele ou a própria Hiphitusi. Não tenho certeza. Mas de uma coisa eu sei que estou certo...
-- O que meu amor?
-- Onde quer que ele esteja, ele enfim descobriu.
-- Descobriu o que? -- disse ela se virando enquanto a noite chegava e os envolvia.
-- Que no fundo eu estava certo, ele era mesmo um príncipe!
E muito longe dali o homem de preto sorriu.

 

                                 FIM?
 

Este é um conto fictício, fruto somente da imaginação e sonhos do autor. Qualquer semelhança com a vida real pode ser considerada mera coincidência ou quem sabe... ... algo ainda a se descobrir!
 
O personagem “homem de preto” já participou duas vezes antes nas histórias Jonas e Jonas II. Toda a história da Lenda de Hiphitusi foi escrita depois dessas duas histórias, para embasar a origem deste personagem. Provavelmente se eu vier a escrever Jonas III, todo esse conhecimento agora terá que ser levado em conta...
 
Dedico esta história para todos aqueles que de uma forma ou de outra interagiram ou interagem comigo, pessoalmente ou virtualmente. Que o Criador transforme todos os seus sonhos em realidades!
 
 
 
Itatiba, São Paulo, 30 de janeiro de 2010.
 
 
http://www.jgcosta.prosaeverso.net/


========================================
Coloquei a disposição dos amigos um e-livro contendo todo a história, com uma formatação mais adequada. Cliquem abaixo para acessar o e-livro:

A lenda de Hiphitusi

Abraços renovados!
JGCosta
Enviado por JGCosta em 31/01/2010
Código do texto: T2061201
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.