a segunda chance

A segunda chance

Altas horas em uma BR. Perto de céu azul. Lá vai Lucas, que não quis esperar o dia clarear para pegar a estrada, ele até diz que prefere andar a noite. Uma hora e cinqüenta minutos, Lucas vê um clarão, se assusta, parece uma nave descendo do céu, ou parece que é um cometa que caiu ali na proximidade, parece que foi a uns quinze metros a sua frente. Lucas fica apavorado, não sabe se vai ou volta, a neblina forte tampa a sua visão, o rapaz decide continuar e segue sua viagem. Quando chega ao local que viu o clarão, ele vê uma paisagem dourada, uma linda jovem o espera, e o convida para entrar.

A moça comenta que ali é o paraíso. Como em um conto de mágica, Lucas é levado para aquele mundo, onde não existe o mal, as borboletas caminham, os cachorros dirigem carros, aviões são feitos de algodão, nos jardins flores que curam qualquer doença, em uma mesa um homem de barba branca, com um livro enorme nas mãos, o jovem chega na frente do homem que lhe apresenta como a sabedoria, Lucas fica encantado com a forma do velho homem falar, ele dizia que o mundo ideal, deveria ser, sem crianças nas ruas, todas as armas de fogo extintas, que a violência desaparecesse da face da Terra, a doença fosse exterminada, que para isso, bastaria comer um pedacinho da flor do jardim que cura, que a depressão era coisa do outro lado da cerca mais que aqui também era curada, bastava beber da água da mina da felicidade que estava bem ali pertinho, naquele maravilhoso lugar havia, uma parte escura, o rapaz movido por uma curiosidade imensa, pergunta ao homem, o que tem do ouro lado, o homem responde, não queria nem saber, mas como todo ser humano e movido por curiosidade.

Lucas nem aprecia mais as coisas lindas, os pássaros brincando de pular cordas, os leões carregando crianças, chuva de mel caindo do céu, o sol brincando distribuindo raios de presente a todos que moravam naquele lugar, mais para Lucas o que contava era o lugar escuro. A sabedoria vendo isto, diz ao rapaz; se quiser conhecer o outro lado pode ir você tem livre arbítrio, pode ir à hora que quiser, mais não poderá mais voltar.

O jovem decidido atravessa aquela porta. Quando entra, só vê escuridão, do céu cai larvas de fogo, vai andando e vê pessoas clamando por misericórdia, meninos com armas, nos jardins, só flores negras, anjos mutilados, homens derrotados, e tudo o que eles tocam viram pedras. A fome se espalha, a dor é evidente. Da mesma forma um homem sentado numa mesa enorme, ele diz a Lucas que se chama maldade, e que tudo ali é dominado por ele, ainda diz mais, que todos têm direito a escolha, mas que o homem prefere sempre o mal que o bem, Lucas se lembra que estava com a felicidade, mas preferiu a escuridão. Ele pergunta como voltar, a maldade responde, não há volta, você não sabe que um abismo chama outro, aqui quem entra não sai agorinha suas roupas começam a pegar fogo e vai queimar todos os dias. Você não dorme mais, tem fome, mas não tem comida, uns chamam isto aqui de inferno, eu chamo de minha casa, seja bem vindo.

Lucas acorda em um hospital com uma moça dizendo bom dia, seja bem vindo de volta a vida, Lucas não sabe se o que viveu foi real ou simplesmente um sonho. Mas o que ficou claro e que nós temos direito a escolha, só depende de nós viver em paz, ser bom ou mal, morar no céu, ou no inferno. Nem todos tem o direito a segunda escolha, nem sempre tem um novo recomeço.