O BEIJA-FLOR

O cenário era mesmo fascinante. Flores coloridas por todos os lados, onde se destacavam as rosas, principalmente as vermelhas.

O jardineiro um rapaz de boa aparência, nem alto nem muito baixo, os olhos pareciam ser claros, pele queimada do sol, os cabelos não se deixavam ver, andava sempre com um gorro azul turquesa que o fazia diferente entre aquelas rosas.

Quando passavam as senhoritas por aquele jardim deliravam com o perfume das flores, amarelas, roxas, laranjas, rosas, brancas...

O rapaz que cuidava do Jardim Éden, esse era o nome do jardim, parecia que morava por ali mesmo, nunca estava ausente, a qualquer hora que se passasse por lá ali estava ele sempre cuidando das flores, hora adubando, hora molhando, hora colhendo mudas, estava sempre em contato com aquelas maravilhas.

Quando algumas das moças do bairro passavam por perto do portão, era estranho, mas dava a sensação de que o jardineiro se escondia entre as flores, como se realmente quisesse se esconder de algo ou alguém. Mas somente quando uma moça em especial passava, ele lhe ofertava uma rosa vermelha, porém não levantava o rosto para entregar tão linda flor.

Julieta, este era o nome da moça, no entanto achava estranho aquele moço que ninguém sabia o nome nem de onde veio, tinha aparecido junto com as flores, mas amava receber as rosas que lhes eram ofertadas.

Passou então a observar mais o rapaz. Ficava as vezes de longe olhando cada gesto que ele fazia, pode perceber que ele realmente amava aquele jardim, quando se cansava de observá-lo, descia meio quarteirão, passava diante do portão do jardim e sempre recebia a rosa querida.

Certo dia tomou coragem, e ao passar resolveu conversar com aquele rapaz.

Parou de fronte ao portão e quando ele lhe entregou a rosa ela o segurou pela mão e pediu para que ele levantasse o rosto para que ela pudesse vê-lo. Ele então voltou a face para ela em um ar de vergonha e ternura.

Olhando para seus olhos ela perguntou seu nome, em um breve sussurro ele respondeu, Colibri.

Lindo nome, ela disse, e em seguida lhe disse o seu. De repente sem nem mais porque ele lhe voltou as costas e saiu com passos calmos e leves.

Julieta não sabia, mas estava apaixonada por aquele rapaz intrigante e de voz tão suave, passou então a passar por lá varias vezes ao dia, começando assim um diálogo entre os dois. Ele sempre lhe falava das flores em especial das rosas, ela o ouvia com a máxima atenção.

Um dia Julieta não resistiu e resolveu dar um beijo em Colibri, que assustado afastou-se dela rapidamente e lhe pediu para que não mais fizesse aquilo, ela não entendeu, mas se afastou.

Passou três dias apenas o admirando de longe, também há três dias não passava pelo jardim, mas três rosas faziam morada nas grades do portão.

No quarto dia Colibri cuidava do jardim sem a camisa que sempre acompanhava o macacão jeans desbotado pelo sol, Julieta vendo aquela cena se acendeu de amores e sem pensar parou em frente ao jardim chamou por Colibri e pediu para que ele viesse ao seu encontro.

Quando chegou perto das grades ela pode ver que ele tinha no peito a figura de um beija-flor e que estranhamente aquela que parecia uma tatuagem movia-se de forma muito lenta como se a respiração dele desse vida aquele beija-flor.

Com uma rosa vermelha nas mãos ele estava diante da mais bela rosa do seu jardim, ela pausadamente se aproximou e lhe deu um beijo em teus lábios. Naquele instante o homem em sua frente se desfez como em um passe da mágica, sumiu no ar somente a rosa ficou, caída no chão assim que as mãos dele sumiram como fumaça.

Sem entender nada e muito espantada ela pode ver um beija-flor de tamanho diferente voando por entre as rosas, era estranhamente grande e colorido, com lágrimas nos olhos pegou a rosa que estava ainda mais vermelha e ainda mais perfumada colocou-a junto ao peito e seguiu.

O rapaz realmente havia sumido, todos principalmente as moças notaram sua ausência, mas Julieta foi a que mais sentiu a perda. Ficou semanas sem passar por aquela rua, até que um dia resolveu ver que fim tinha levado tão belo jardim, talvez tivessem contratado outro jardineiro.

Passando em frente notou que o jardim mantinha sua beleza, mas não viu ninguém que pudesse estar cuidando das rosas, se espantou muito, mas não esperou para ver se alguém estava no lugar de Colibri, deu as costas e quando ia saindo ouviu um cantar estranho como se alguém assovia, voltou-se e viu um linda e enorme rosa vermelha pendurada entre as grades.

Pegou a rosa e olhou pra o jardim que parecia a cada minuto estar florescendo e viu algo que sobrevoava as flores era um beija-flor que voava sobre as flores e parecia que a musica vinha dele.

Chamou sussurrando por Colibri e o beija-flor pareceu que lhe atendeu.

Agora toda tarde Julieta senta em frente ao jardim e fica a espera da rosa que o beija-flor estranhamente colhe e leva até o portão.

Roberta Krev
Enviado por Roberta Krev em 09/05/2010
Código do texto: T2246808
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