Dissipar

O mundo se dissipou. O buraco negro estava aberto e eu estava sendo sugada. Não havia ponto se fuga, não havia nenhum galho para eu me agarrar. O que havia era apenas um buraco negro sugando, sugando e sugando. O problema era eu ser a peça a ser sugada.

A consciência não pesava, eu apenas sabia que não era correto estar ali. Havia algo a ser descoberto - esse era o tal motivo pela minha persistência.

Por onde andará? - Eu me perguntava sem ao menos saber o que procurava. Minha vida, além de meu mundo, havia sido tirada de mim. Eu me sentia uma abelha rainha sem meus súditos - eles haviam me deixado, - eu estava completamente só.

O buraco negro aumentava à medida que eu pensava, - para que pensar? Só o fato de pensar em não pensar já me fazia pensar em como parar. O problema não era parar para pensar e sim parar de pensar.

Meu organismo já não aguentava mais - eu sabia que precisava desmaiar e assim me entregar ao fracasso. Eu não sabia se estava correta, mas eu jamais me entregaria. O pulso pulsava, eu tive gana de pular. Berrar - não era uma saída, e sim uma condição.

Berrei, meus pulmões não aguentavam mais - eu sabia que não era culpa do cigarro e nem dos entorpecentes, - era na realidade culpa do meu inconsciente que sabia estar incorreto ao berrar.

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Eu havia mandado uma carta para o meu leitor - não houve resposta. A que nível eu havia chegado? Mandar uma carta e mandar que o outro leitor avise? Eu, de fato, havia pedido a morte - a mais dolorosa possível.

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Enquanto mais eu pensava mais eu era sugada. Meu ar não existia mais e meu coração lembrou aquela festa.

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O primeiro pensar foi: "Festa de quinze? Um menino? Hum...", a malícia correu solta - inevitável. Houve um instante em que pensei em estar só, mas eu queria meu leitor principal.

Chegamos, dançamos, bebemos - alegria pura, calmaria. Ainda éramos tão inocentes. Tempos que não voltam mais - eu tinha que me conformar com tal questão.

Chegaram canções, questões, compulsões, confusões; nada mais foi inevitado. Brigas só para depois brigar ainda mais.

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Eu não mais podia pensar. Meu coração, corpo e alma - todos em luto, esperando forças aliadas ou a morte chegar. Eram as únicas opções. Mandei o sinal, esperei.

Aura Ksna
Enviado por Aura Ksna em 08/12/2010
Reeditado em 08/12/2010
Código do texto: T2660622
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