Apocalipse

Já escurecia e as alucinações de Ane começaram novamente a se manifestarem.

Ela trancada em seu quarto tinha medo de olhar pela janela e ver novamente as visões do apocalipse. Então deitava em sua cama e fechava os olhos e os ouvidos para que não a perturbassem novamente. Toda noite isso acontecia desde os seus treze anos, agora ela tinha vinte, sete anos de tortura.

Seus pais já a levaram em psicólogos e psiquiatras, mas de nada adiantava.

Agora, já de manhã ela se levantava e se aprontava para o trabalho. Secretária administrativa tinha como amigo Dênis, seu chefe e gerente.

_Sabe Dênis, já estou cansada das alucinações.

_Ainda continuam, é toda noite mesmo?

_Sim, firme e forte. Todo aquele fogo, pessoas morrendo queimadas, é um horror. Acho que seria mais fácil conviver com isso se pelo menos fosse verdade.

Denis engasgou-se no café.

_Está ficando louca mulher?

_Me desculpa! Disse ela suplicante.

_Ok, mas vamos trabalhar né? Já passou da hora.

Ane trabalhou até as cinco, foi para a casa e como de costume fez tudo o que tinha para fazer antes de escurecer.

Só que nessa noite ao se deitar no escuro ela notou algo estranho. Os barulhos não chegavam aos seus ouvidos, então ela muito cautelosamente foi junto à janela para observar e a única coisa que viu foi uma lua cheia brilhante no meio de milhões de estrelas. Não havia fogo nem gritos. Ela mais do que feliz foi comunicar aos seus familiares o acontecido e como ela ficaram muito felizes.

Assim se passou um mês, então ela resolveu comemorar saindo com seu amigo e chefe Denis.

_Primeiro iremos jantar, depois iremos dar uma volta...tenho uma surpresa para você! Disse seu amigo contando-lhe seus planos.

_Me pega as sete?

_Combinado.

Ela foi para casa e se arrumou como não fazia há muito tempo. E enquanto ela se arrumava ficou pensando, qual seria a surpresa de Dênis?

As sete horas finalmente chegam e a campainha toca.

No caminho, de carro perceberam alguns raios e trovões se manifestando.

_Olha lá o tempo, será que se chover vai estragar a surpresa? Disse Ane desconfiada, tentando extrair alguma informação do que a esperava.

_Claro que não, fica tranquila.

Chegaram ao restaurante, jantaram e foram para o destino esperado e quanto mais o tempo passava, pior ficava o tempo.

_Eu não gosto desse tempo! Sussurrou Ane aflita.

_Estou aqui para te proteger. Disse Dênis apoiando a mão em seu joelho e tirando rapidamente já escarlate.

Ele finalmente começou a desacelerar para estacionar em uma grande propriedade.

_O que é isso?

_É aquele minicastelo que eu já havia comentado, lembra?

_Claro, lembro sim, mas por que me trouxe aqui?

Já estacionados e fora do carro.

_Vamos entrar.

Primeiro o hall, depois um saguão que de mini não tinha nada.

_Esse lugar está bem conservado, mas mesmo assim me parece antigo, quantos anos tem o castelo?

_Tem 200 anos.

Assim ela se calou a defrontar com a grandiosa biblioteca, desceram devagar os poucos degraus da porta e começou a mexer, até que com o reflexo de algo acesso de fora refletiu em uma grande moldura, Mas não podia ser!

_Dênis olha isso, esses se parecem muito comigo e você.

_É porque somos nós. Sussurrou calmamente em seu ouvido por trás.

_Mas como pode?

_Nós somos almas gêmeas querida, já há algumas reencarnações.

_Isso é uma declaração de amor?

_Considere que sim. E ai dizer isso a pegou nos braços e a beijou apaixonadamente e no mesmo instante um raio estalou do lado de fora. Ane gritou.

_Pacto feito. Dênis falava sadicamente.

_O que aconteceu?

_Ainda não entendeu? Somos nós o casal que reinará o apocalipse. E com esse beijo selamos o contrato feito de duas vidas atrás.

Ele a beijou novamente e quanto mais se animavam mais raios caiam.

Ane parou, já entendendo seu destino vai a janela e vê a grande lua cheia vermelha como sangue.

_Então quer dizer que eu não estava louca?

_Nunca esteve, apenas tinha visões do futuro.

_Que legal, agora já satisfeitos apenas morremos no meio do fogo.

_Não iremos morrer, nós precisamos permanecer vivos para dar origem a uma nova população.

_E o que acontece se eu fizer isso? Pergunta Ane virando-se para Dênis com uma faca no próprio pescoço.

Ele se assustou, mas se aproximou calmamente, tirou a faca de seu pescoço e a abraçou.

_Você não pode fazer isso, por dois motivos: Primeiro, se você morrer a Terra vai ser devastada da mesma maneira,a única diferença é que não vai ter o santo útero da mãe global. E segundo, por que eu te amo e jamais viveria sem você.

O chão estremeceu, o céu se pintou de preto e vermelho, os gritos ecoaram, o fogo aumentava, enquanto Ane e Dênis começavam a criação de um novo mundo.

Pamela Faria
Enviado por Pamela Faria em 22/01/2011
Código do texto: T2745618
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