Quando as coisas não são mais como eram.

Comecei a perceber que algo estava errado quando meus ditos amigos começaram e inventar desculpas e a não atender ou responder minhas ligações.

Por algum tempo, o qual não posso precisar, achei que tudo não passava de mera coincidência ou fruto de minha imaginação.

Fiquei pasmo quando um de meus ditos melhores começou a inventar as mais esfarrapadas para não me encontrar, omitindo fatos, situações.

Chegou ao ponto em que perguntei se eu estava com cara de trouxa; o que estava acontecendo?

Aí sempre vinham aquelas evasivas padronizadas de que o celular estava desligado ou fora de área, e minha cara de seriedade parecia ridícula.

As festas sempre acabavam mais cedo quando eu estava. Uma vez vi uma festa se restabalecer depois de acabada. Foi quando esqueci um cd e, ao voltar, preocupado em incomodar, escutei de longe que todos estavam lá de volta, a ouvir “Stairway to Heaven”, de Led Zeppelin, em alto e bom som, a música que pedira que tocassem em meu velório.

Por mais que me portasse um cara bom, razoável, por vezes calado, não entendia o que ocorria. Se perguntava, era motivo de chacota. Todos ignoravam. Um ar de cinismo imperava.

Até que, diante a insuportabilidade da situação, eis me faltar “sangue de barata” (sem saber o porque do termo), indaguei diante todos, em voz cavernosa:

“Amigos, ou ao menos os que aqui acham isso, o que ocorre com minha pessoa para tamanho desprezo?”:

No que um se ergueu abruptamente, como ansioso para tanto, dando até a impressão que estava transparente, dizendo:

“Amigo, nos perdôe, mas é que você não está mais entre nós!”.

Savok Onaitsirk, 06.06.11.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 07/06/2011
Código do texto: T3019251
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