As bruxas da minha aldeia. Poema em forma de conto.

As bruxas da minha aldeia.

Já dizia a minha avó, que não existem bruxas

O safado do meu avozinho diz que elas existem

Conta ele, que um dia, já tarde, quase três horas

Da manha, com o seu carro de bois, cheio de vinho

Que na fonte, ali, bem na encruzilhada, lá no fundo

Escutava risos e muita algazarra, era noite de lua cheia

O barulho das rodas do carro dos bois era estridente

Logo, tudo parou e permaneceu no maior silencio mortal

Meu avô, suava, rezava credos, colocou a camisa do avesso

Mas o barulho da carroça era grande, era na encruzilhada

Ele tinha que a passar, mas como? Logo, ele viu uma bruxa

Gorda e feia que nem um cão, cheia de verrugas, fedendo

Rindo maldosamente, sedenta, queria mais e mais, vinho

Assobiou forte e chamou os compadres, vieram muitos mais

Bruxos, bruxas ainda mais horrendos, feios e mal cheirosos

O carro parou, o vinho sumiu e a bruxa roubou as suas roupas

Rindo da sua vergonha, deixando-o horrorizado e humilhado

Vôos rasantes, cruéis, risos compulsivos, o medo da derrota

Que ele iria falar ao seu pai, chorando, suplicando, o seu vinho

Seria o palhaço de toda aldeia, todos iriam se rir dele, que fazer?

Cansado adormeceu, sendo acordado pelas mulheres, nu, sozinho

Elas riam a bom rir, cesto de roupa para lavar no tanque da aldeia

Até que uma pobre menina se enterneceu e deu-lhe as roupas do seu pai

Sem se importar com riso das amigas e maldosas mulheres, apaixonou-se

Era a minha avó que disse que tinha bebido e que ele apenas tinha sonhado...

Betimartins
Enviado por Betimartins em 31/10/2011
Código do texto: T3309054
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.