O Anjo Macaxeira!

O Anjo Macaxeira!

Macaxeira era um jovem que viveu sua vida toda embriagado.

Seu semblante era de um anjo... Morreu de cirrose Hepática.

Suas histórias eram sempre engraçadas.

Lembro-me de um dia e isso se repetia todos os dias de sua vida.

Perambulava pela cidade e a noite se chegava na portaria da Petrobrás, na cidade de Carmópolis, município de Sergipe.

Aparecia como do nada, sempre alterado, chamando os vigilantes de cornos.

_"São tudo corno!" afirmava macaxeira, exigia uma quentinha de forma engraçada, pois nunca faltara a comida naquele horário. Todos já sabiam e guardavam sua alimentação.

Macaxeira era um jovem de aproximadamente vinte cinco anos, sem família para orientá-lo muito menos para dar-lhe conselho.

Quem fazia esse aconchego eram os próprios vigilantes. "_Macaxeira deixa de beber, você vai acabar morrendo..." e assim foi o fim de Macaxeira, como foi...

Toda noite, logo após comer bastante, descansava. Fazia sob a supervisão dos vigilantes de forma tranqüila. Tinha certeza que estava seguro ali, sabia que nada aconteceria, que ninguém se atreveria a lhe fazer mal, enquanto dormia.

Macaxeira sempre acordava mal humorado, começava a soltar seus palavrões em todas as direções, não respeitando ninguém que adentrava a empresa. Sabendo disso, um dos vigilante o chamou e fez um trato. "_ Quando você começar a falar palavrões eu grito daqui: _Macaxeira e o nosso trato? Aí você se lembra e para certo?" Certo! responde Macaxeira. "_Senão, não tem mais quentinha no outro dia certo?"

O anjo concordou.

É chegado o dia e com ele vem alguns vendedores de mingau, frutas e camarão, se instalam nas proximidades da portaria.

Chegam os primeiros trabalhadores, um e outro tiram uma brincadeira com Macaxeira, já sabendo do seu gênio. A figura não perde a oportunidade e começa sua xingação: "_corno, cambada de corno, sua mãe, aquela puta..." Nesse momento aparece o vigilante e grita: "Macaxeira e o nosso acordo? "_Que acordo? O que eu como sua irmã e você come a minha?"

Todos nessa hora começam a rir o vigilante já todo descabriado fala: "_Mas macaxeira, minha irmã é freira. "_Aí eu como assim mesmo!" Foi uma algazarra, os funcionários caíram na risada e até hoje se revive esse episódio verídico.

Quando qualquer um que brincava com Macaxeira chamando-o pra briga, ele nunca relutou, se armava de punhos para baixo e quando o oponente se aproximava, ele falava: "_Você não vai bater em um anjo, vai?" O cabra dava meia volta e saía rindo.

Pra tomar sua cachaça ele pedia: Me dê um riacho aí, pra que Macaxeira? Par eu tomar um bico de ferro. Um riacho era um real e um bico de ferro era uma pinga, pedra 90. Foi um fato verídico que aconteceu no cotidiano daquela cidade, daqueles funcionários. Macaxeira um verdadeiro anjo, tinha medo de sapo e de assombração e nunca fez mal a ninguém!

O vigilante dessa história chama-se Jonaldo Feitosa. Sua irmã realmente é freira.

O porquê do nome Macaxeira, ninguém sabe, mas toda cidade o conhecia assim. Ilustre maltrapilho, sem rumo, sem destino, desgarrado da sociedade como um bezerro sem dono. Porém mantinha-se uma inocência perene diante da sobrevivência. Um dia o anjo adormeceu para sempre, deixou na história, sua gota de oceano.

Escrito em 09 de dezembro de 2011, por Orlando Oliveira.