UMA LINDA MULHER PERFUMADA E SENSUAL

Já eram mais que 23:00hs, e nós ainda numa eloquente e gostosa descontração. Conversávamos sobre praticamente tudo, em tão pouco tempo. Era perfeita a sintonia, regada, é claro, ao bom e delicioso vinho tinto suave. E olha que começamos a conversar por volta das 20:00hs, lá se iam umas três garrafas.

O interessante é que, quase sempre, em nossa conversa afiada, quem dava a diretriz era eu. Só agora, após passar esse encontro é que começo a relembrar pequenos detalhes. Às vezes a empatia nasce da atenção. Atenção que nos é proporcionada em momentos de tensão. E não foi diferente com ela. Era uma espécie de ouvidora fantástica, sempre, demonstrando uma indescritível sensualidade provocadora.

Pois bem. Hoje, com mais serenidade, também, recordo de que em momento algum aquela mais que dama da noite, perfumada e sensual, não saiu da mesa em que conversávamos, em momento algum, ou saiu? Só se saiu quando também estava ausente, das vezes em que fui ao banheiro. Estranho, mas deixemos os acontecimentos nos seus devidos e amenos locais.

Entusiasmadíssimo. Talvez seja essa a expressão pela qual me encontrava aquela hora da noite, em tão excepcional companhia. E o perfume, mais que contagioso, envolvente. Foi então, ante a emoção de conhecer uma fina e estupenda mulher que aflorou em mim, que até aquele momento ainda não sabia o nome dela. Ora, ora, o que seria uma preliminar, já passados muitos momentos, ainda não sabia o seu nome.

De imediato, sem pestanejar, lancei a pergunta: qual o seu nome? Ou melhor qual a sua graça?

- Minha graça? Ainda não descobriu? E se eu for uma des-graça, ou melhor, uma pessoa que não tem nome?

- Acredito que certas brincadeiras, tornam o clima mais misterioso e emocionante, aposto que você quer ver até onde consigo ir, repliquei-lhe com um gostinho de tranquilidade.

- Bom. Meu nome, em verdade, não é um único.

- É natural. Haja vista que nós todos temos prenomes, nomes etc, trazendo, é claro, nossa descendência, mas deixemos de rodeios e diga-me, qual o seu nome preferido?

- Vou lhe responder? Prefiro que me chamem de morte!

- Acredito que esteja ultrapassando os limites das brincadeiras, exclamei em boa tonalidade!

- Meu caro amigo, não, não, sou eu mesmo. Tenho um propósito contigo, disse-me, seriamente.

Só para que não restem dúvidas, disse-me aquela que era, até então, uma linda mulher, demonstrarei a você um pouco de meu poder, com uma voz um pouco modificada, rouca, está vendo aquele Senhor que está na outra mesa, de camisa vermelha, com uma senhora, cujos cabelos eram curtos, terá, agora, um infarte fulminante. Quando eu voltei os olhos para aquele Senhor, de repente, ele caiu da mesa. Corri ao seu encontro, não adiantou, ele não respirava mais.

Voltei à mesa, cambaleante, não por causa do suave vinho, mas da performance da conversa misteriosa daquela que era, repito, uma linda mulher. E perguntei-lhe o que queria de mim? Ela mais que compenetrada em meus olhos, disse-me: a partir de hoje, semanalmente, você, meu nobre rapaz, terá que me indicar três pessoas, apenas três pessoas, para eu visitar, como fiz agora com aquele senhor.

Agarrou em minha perna. Empurrou-me de um lado para o outro, dizendo:

- acorda rapaz, você não deixou o relógio despertar, parece que bebeu demais na noite passada. Cuidado com a ressaca. Quando olhei para o lado, era minha Mãe, chamando-me para ir ao trabalho.

Que sonho, ou pesadelo?