* A bezerra abandonada *

Em uma grande fazenda, uma bezerra adolescente afastou-se do rebanho para pastar, porém a mesma distraída distanciou-se muito das outras, sem perceber acabou ficando sozinha no pasto.

A mesma gostou da liberdade e nunca mais voltou para seu rebanho, crescendo sozinha na mata.

Certo dia avistou um rebanho diferente nas proximidades de onde vivia, observou de longe tentando reconhecer alguma colega.

- Que bom! Pensou ela não existe ninguém que me conheça, posso então juntar-me a eles e paquerar algum gatinho( quer dizer tourinho).

Ao se aproximar do rebanho, notou o olhar de um touro malhado, lindo, forte e nesse instante se apaixonou perdidamente por ele.

Namoraram mais ou menos duas semanas, o rebanho teria que ir pastar em outro lugar, o touro também apaixonado convidou-a para acompanhá-los.

A bezerra ficou balançada, mas estava acostumada com a vida que levava, então disse ao seu amor.

- Foi lindo o que aconteceu entre a gente, uma experiência inesquecível, porém resolvi ficar por aqui.

O touro triste despediu-se e foi embora.

Passado algum tempo a bezerra notou que algo estranho acontecia com seu corpo, percebeu que ia ser mamãe.

- E agora! Como vou cuidar de meu filhote, sozinha? Como vou conseguir protegê-lo dos animais perigosos?

Resolveu construir uma cabana no tronco de uma árvore, para o seu filho ficar quando a mesma precisar sair para procurar alimento.

Seu filhinho nasceu. A mamãe bezerra ensinou-lhe uma mensagem. Que dizia assim: “Abra a porta meu filhinho, trago capim no chifre e leite no peito”, para o mesmo abrir a porta da cabana, quando ela saísse. Pedindo-o para não abrir a porta para ninguém, a não ser com a tal mensagem.

Morava perto dali uma cobra gigante, que estava de olho no filhote da bezerra. Esperando-a sair de casa para engolir o pequeno bezerrinho.

Assim que a mamãe bezerra saiu de casa, a tal cobra foi bater na porta da cabana. Bateu na porta que cansou, mas o bezerrinho não a abriu.

A serpente astuciosa se escondeu para descobrir o segredo da mãe e filho.

Quando a mamãe bezerra chegou dizendo:

- Abra a porta meu filhinho, trago capim no chifre e leite no peito.

A serpente ouviu e falou:

- Amanhã, quando ela sair, voltarei novamente e desta vez não perderei a viagem.

Quando amanheceu o dia que a bezerra saiu, demorou pouco tempo á serpente bateu na porta e falou:

- Abra a porta meu filhinho, trago capim no chifre e leite no peito.

O bezerro estranhou a voz e não abriu.

A serpente falou novamente:

- Abra a porta meu filhinho, trago capim no chifre e leite no peito.

O bezerro ficou na dúvida e pensou:

- Será que minha mamãe não está bem? Será que trouxe capim de mais e está cansada? Será bom eu abrir a porta?

A serpente insistiu:

- Abra a porta meu filhinho, trago capim no chifre e leite no peito.

O bezerro resolveu abrir a porta.

A serpente engoliu-o e saiu. Foi descansar num rio que ficava no meio da floresta.

A mamãe bezerra quando voltou, percebeu que havia acontecido algo errado com seu filho. Logo desconfiou da maldita da serpente, saindo desesperada a sua procura.

Pensou:

- Ela deve estar no rio, vou procurá-la e quando lhe encontrar a matarei.

Ao chegar ao rio viu aquele negócio escuro boiando nas águas.

Imaginou que seria ela e começou a nadar até lá.

A serpente dormia tranquilamente, cansada com o peso do filhote de bezerro sufocando suas energias.

A mamãe bezerra surpreendeu-a com uma chifrada, que atravessou sua cabaça de um lado para o outro, arrastando até a superfície.

Realizou um rasgo em sua barriga na intenção de tirar-lhe o seu filhote de dentro, onde obteve sucesso.

Seu filhote estava meio que anestesiado, desmaiado, quase morto. A mamãe bezerra iniciou um processo de ressuscitação.

Alguns minutos depois seu filhinho manifestou o primeiro sinal de vida, animando sua desesperada mamãe, para que continuasse a reanimação, pois enquanto a vida a esperança.

Mamãe bezerra respingava leite de seu peito na boquinha de seu filhote.

O mesmo aos poucos foi percebendo e engolindo um pouquinho.

Mamãe bezerra deu-lhe um banho, para retirar de seu corpo o cheiro insuportável da inhaca de cobra que só aumentava o ódio que ela tinha da maldita.

Mamãe bezerra deixou seu filhote secando, em cima de um esverdeado tapete de capim novinho e foi procurara uma vara para que ela pudesse terminar seu serviço, ou seja, espichar a serpente e jogar de volta ao rio.

Mamãe bezerra encontrou uma vara quase do tamanho da maldita serpente, enfiou uma ponta da sua boca até a ponta do rabo, deixando bem esticada e jogou-a ao rio, dizendo:

- Esta maldita nunca mais vai comer filhote nenhum!

Mamãe bezerra pegou seu filhote e voltaram para a antiga fazenda, para viverem com mais segurança.

Claudia Pinheiro
Enviado por Claudia Pinheiro em 29/08/2012
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