O salvador do universo

O ano era de 2194.

Ano em que as novas naves transitórias, feitas de um alumínio especial, que não se deteriorava com nada, começaram a circular pelos ares das grandes cidades. Elas eram movidas a ar. Se estivesse ventando forte, você chegaria até a lua em questão de minutos.

As grandes metrópoles habitadas por robôs pensantes e ruas movediças, viviam uma época de seca. A pior de todas. Não havia água nos mares, nos rios nem nas torneiras dobráveis.

As pessoas saíam de suas casas a procura de água. Não chovia há exatos nove anos. Elas ficavam com as bocas abertas para o céu esperando que alguma gota caísse. Mas tudo era sol e seca. A grande estrela de fogo parecia ter se aproximado quilômetros da terra, deixando o inverno quente e o verão infernal. As pessoas já não tinham mais medo de ir para o inferno. Não poderia ser pior.

E foi nesse ano que nasceu um garoto aparentemente comum. Mas ele crescia gradativamente a cada dia de vida. Com um ano de idade ele já tinha quase dois metros de altura. Era uma sensação no mundo todo. E o mundo todo não sabia que ele era a salvação da sede de todos.

Ele simplesmente transformava objetos em água. Quando descobriram esse dom, começaram a fabricar coisas gigantescas para ele tocar, em seguida eles pegavam a água e guardavam em grandes recipientes para garantir o futuro.

Mas esse talento logo ficou sendo do conhecimento de todos. Ele não se preocupava em ajudar. Transformava tudo em água limpa e saudável. Ele se tornou um herói mundial, acabando parcialmente com a sede dos duzentos bilhões de habitantes.

Homens dos E.U.A. queriam que ele fosse para lá, enquanto homens de países africanos o queriam também. O Japão e a China também entraram nessa briga. Ele tentava esclarecer que podia ajudar qualquer um, não seria necessário uma guerra mundial. Mas foi o que aconteceu.

Os países começaram a bombardear uns aos outros, decidindo nas armas quem ficaria com o rapaz, que nessa altura já alcançava os sete metros.

Vendo toda aquela batalha, ele decidiu que a humanidade não merecia o seu dom. Sentindo-se humilhado, ele continuava transformando as coisas em água, enquanto milhares de pessoas morriam na guerra que se alastrava pelo mundo todo.

Perturbado pela ignorância dos humanos, ele se matou. Quando isso se tornou do conhecimento de todos, as pessoas também começaram a se suicidar, pois não viveriam sem água novamente.

A ignorância humana havia destruído a humanidade.

Fernandes Carvalho
Enviado por Fernandes Carvalho em 04/09/2012
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