SONHO ETÉREO

SONHO ETÉREO

Tarde da noite foi dormir. Estava tão cansado, que no sofá estava, e no sofá ficou. Começou a sonhar e estava em uma longa fila, que não parava de crescer. Crianças, jovens, senhoras e senhores de pouca, de meia e de muita idade iam chegando passivamente, entrando na fila. Ninguém tinha pressa, ninguém passava a frente de ninguém, e isso lhe parecia bastante estranho. Mais a frente um senhor de barba branca e espessa, indicava o caminho a seguir. Ao fim de diversas vielas, haviam portas numericamente ordenadas por faixas etárias. O intervalo entre as faixas era de 5 anos e a última ia de 115 a 120 anos. Percebeu que havia portas sendo construídas, que pelos seus cálculos indicavam que a última iria até 195 a 200 anos. O senhor de longas barbas, chamou-o pelo nome e indicou a porta entre 60 a 65 anos. Seguiu pelo caminho indicado e lentamente abriu a porta. Esperava-o um homem vestido de negro e má aparência. Logo viu um monte de gente, que se contorcia de dor, enquanto pequenos seres endiabrados espetavam suas carnes e iam aos poucos sangrando-as, brasas queimavam-nas espalhando um fétido cheiro no lugar. Perguntou ao anfitrião o que era aquilo e recebeu a seguinte explicação:

- Aquilo era o médio inferno, destinado a pessoas de 60 a 65 anos, que ali permaneceriam por longo tempo, para expiar seus pecados. Os castigos aumentavam ou diminuíam de acordo com a faixa etária.

-Argumentou que não tinha grandes pecados, que fora um bom cidadão, pai extremoso, marido dedicado e que raramente fizera mal a alguém.

A resposta veio incontinenti:

- Não fizestes, mas pensastes e aqui nessa dimensão nós julgamos atos e pensamentos, e sabemos que tivestes muitos pensamentos ruins, desejando desde a mulher do próximo até a morte de alguns desafetos, portanto, ficarás aqui, pelo mesmo tempo de vida que tivestes lá na Terra. Depois, quem sabe, poderás retornar.

Não acreditava no que estava acontecendo, abriu os olhos e pode ver lá de cima seu corpo prostrado no sofá.

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 21/11/2012
Reeditado em 11/02/2014
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