Vida Interrompida

Mirna chamada pelos íntimos,de batismo Minerva,uma mulher alegre,tinha um certo carisma,era muito vaidosa e sua vida um livro aberto,pelo menos é o que todos pensavam.

Ela trabalhava em uma pequena fabrica de costura,morava de aluguel em três cômodos,no segundo andar de um sobrado,em um bairro de São Paulo.Casada mas não tinha filhos,porem não sentia falta,a sobrinha Diana ainda criança,ficava mais em sua residencia,do que em sua própria casa.

Heitor o marido de Minerva,costumava viajar a trabalho,mesmo nos finais de semana,naquela sexta-feira não seria diferente,a tarde quando Minerva ainda estava fora,de mala nas mãos deixou um bilhete e saiu.Aquele dia ela não trabalhou,ninguém sabe exatamente,o que ela fez o dia inteiro, que ideias passaram por sua cabeça,nem se estava doente.

Na manhã de sábado,Diana acorda e procura Minerva.A menina dormia na sala,então foi até a cozinha,depois para o quarto,por ultimo o banheiro,lá encontrando uma sena pavorosa,Minerva tinha se enforcado,mas antes pôs algo na boca,para que Diana não escutasse o barulho.Com o susto a menina sai correndo aos gritos,pelo horário chama atenção dos vizinhos, que vão ao socorro dela,em pouco tempo todos os conhecidos e parentes estavam cientes,daquele acontecimento surpreendente.

O velório de Minerva foi comovente,só foi superado pelo enterro,que deu para vir a maioria dos parentes.O cemitério parecia uma cidade,pessoas andando quase em pros tição,enquanto perguntas martelavam,misturas a tristeza da perda: "Mirna tinha perdido o gosto pela vida?,ela vivia de aparências?, um sofrimento interior?,não tinha mais paixões?".

Lenita era uma das sobrinhas de Minerva,era a sua tia preferida,de tão nervosa ao receber a noticia,que quase paralisou os músculos e não deu para ir no velório,já no enterro passou mau,porem se recuperou a tempo, para dar seu ultimo adeus.

Passados alguns anos,Lenita comprou com o marido,um terreno no interior,aos poucos foram construindo,o projeto da casa era de dois andares,antes de ficar totalmente pronta,se mudaram com os filhos.Lenita não gostava de dormir no escuro,mas como tinha o poste de luz,em frente sua a casa,não ficava totalmente no breu.

Em uma madrugada, Lenita acorda e levanta da cama,saindo em direção ao banheiro,no primeiro andar.Ao retornar subindo as escadas,estava muito distraída,já no pequeno corredor,atravessa a entrada do quarto,ia se preparar para deitar,sente um arrepio no pescoço.Ainda meio inclinada, vira para o lado onde ficava a janela,tem a impressão que o quarto estava mais claro,ergue o tronco de vagar e observa.

Quando menos espera uma figura surge,em um canto do quarto, na parte mais escura,para o seu espanto,aquilo foi se aproximando e não conseguiu ter forças para chamar o marido.Ali parada sem se mexer,em uma espécie de espera,Lenita ficou enquanto o marido,dormia em um sono profundo,aos poucos foi ficando nítido,notando o que era,veio uma mistura de emoções,ao rever a falecida tia.

Minerva sempre foi brincalhona,tentou se aproximar de Lenita,a tocar para brincar com ela,algo que sempre fazia com as pessoas,quando ainda estava viva,porem Lenita não aceitou. -Por favor não me toque,pois eu tenho medo,_ revelou.E Minerva percebendo o jeito dela,respeitou a sua vontade.

Lenita apesar da estranheza daquele encontro,tinha curiosidade de saber como ela estava e o que fazia ali.Minerva tentava se comunicar,mas Lenita estava apavorada e não compreendia nada.Vendo a expressão da sobrinha e como se pudesse ler mentes,Minerva disse pelo menos parte,do que ela queria saber: -Lene não era a minha hora,eu estou sofrendo muito,_com a feição de tristeza.

Antes que Minerva continuasse a falar,Lenita começou a ouvir a voz do marido,desvia o olhar para ele na cama,mas Genésio estava apenas falando dormindo.Lenita se volta em direção ao canto,porem Minerva não estava mais.Genésio acorda e vê a esposa em pé,acha estranho ela estar assim,felizmente antes que ele perguntasse algo,ela da meia volta e se depara com ele acordado.

-O que faz ai esta hora?,_pergunta com a voz sonolenta.Com medo Lenita apressada vai para cama,entra no edredom enquanto responde: -Eu não gostaria de falar sobre isto,não agora. Ele não insiste e os dois tentam voltar a dormir.

Após o fato Lenita contou o que viu ao marido e a todos que a interessava,porem a grande maioria não acreditou,achando que teve um sonho.Lenita estava com algumas duvidas,porem depois deste dia,ela nunca mais dormiu de luz apagada,temendo ver algo outra vez.

Infelizmente Minerva não se fez entender,que estava precisando de orações.E para também seu azar,sua família e amigos,não eram muito religiosos,como ela nunca foi e nem imaginavam para onde iam os suicidas,após interromper a própria vida.

[04/02/2013 e reeditado 21/02/2013]

(Texto baseado em um caso real,não é lenda urbana,os nomes foram modificados,para proteger a identidade dos mesmos.)

Violeta Azul
Enviado por Violeta Azul em 21/02/2013
Reeditado em 21/02/2013
Código do texto: T4153023
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.