Idas e Vindas

Na casa repleta de objetos, as pessoas espalhadas. Dois homens brincam no computador, talvez jogos de adultos. O inferno do clima amenizado pelos aparelhos que refrigeram. A esposa vem do quarto ao lado e diz que seu aparelho está parado. Leva um acessório que substitui, mas não muito. Os homens continuam suas investidas computadorísticas. Se despedem e a esposa volta. Agora fazem amor entre lençóis desarrumados, bagunçando ainda mais. O sexo não se importa com a organização, embora se ordene à sua maneira. Corpos misturados com gozos e abraços.

A esposa pede que busque o saquê e o sushi. Sai nu e encontra a casa apagada, com o pai jantando a luz de velas. Volta, embaraçado. Ela oferece fatias de pão de forma para usar como forma de cobrir o sexo. Dispensa e veste a bermuda. Saindo se depara com a TV que apresenta um novo modelo de pistola, mostrando que se pode quebrar a casca de um alimento com o cabo e ao mesmo tempo alvejar um intruso. Novidades da modernidade. A vida é essa necessidade.

Caminhando em mundos que parecem ilhas sobrepostas, com uma botânica fantástica e uma fauna riquíssima. O emaranhado de espécies parecem saudar o caminhante que explora as paisagens paradisíacas. Agora o andar é sobre um símbolo oriental, que apesar de ser representado por pétalas de rosas, essas não saem voando com a força dos ventos, mantendo-se pregadas no chão gramado, embora se movam com os passo que profanam o lugar. De repente aparecem figuras, jovens e idosas, caminhando pelas extremidades com olhares de reprovação ao caminhante do centro, que se volta para os de fora, sabendo agora que profanou um local sagrado.

É quando vejo um magnífico camelo atravessando descaradamente o buraco da agulha. E a trama que essa ferramenta faz em meio aos tecidos, indo e vindo, a ponto de confundir a mente do operador nessa rede enigmática. Ariadne totalmente encantada e armando-se feito uma aranha envolvendo o prisioneiro em sua teia e esperando para sugar-lhe o interior vital, deixando apenas essa casca de corpo morta e largada, como o saco de um produto já consumido. O canto das cigarras me faz acender um cigarro embaixo de uma árvore em chamas, onde os frutos são pequenas labaredas que se soltam e voam flamejando ao vento. Um sorriso e tudo parece fazer sentido.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 07/12/2013
Código do texto: T4602565
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