Karma

Hoje me disseram que o rapaz da rua de baixo está apaixonado pela Karma, coitado.

Karma é uma garota que perdeu os pais quando pequena, desde então ela conseguiu se envolver em negócios milionários porque passou a se arriscar demais. Dizem que, hoje, ela tem uma coleção de garrafinhas de coca-cola de natal. É estranho, mas acho que tudo bem ter costumes estranhos quando a pessoa é linda, inteligente, corajosa, tem um corpo incrível e trauma parental.

Pra chamar atenção dela, o rapaz da rua de baixo começou a comprar dessas garrafas aos montes. Percebeu que a garota passou a lhe dar mais atenção, e foi aí que danou-se tudo. Semana passada ele começou a roubar garrafinhas para dar a ela.

Ela jurou não contar a ninguém, mas somente um apaixonado poderia acreditar nela. Agora são dez e quarenta e três da manhã e a polícia já está levando o rapaz da rua de baixo para a delegacia.

Todos sabemos que Karma é uma vadia. Eu lhe dou uma ou outra garrafa, damos algumas risadas, conversamos, dormimos juntos, mas nenhum tipo de compromisso, pois sei que um dia, provavelmente, ela iria me ferrar também.

Não adianta nem tentar algo mais com ela. Afinal de contas, o que ela teria com você que ela não tem? Karma não precisa de ninguém e é exatamente por isso que usa todo mundo. Até que é bom, às vezes, mas seu senso de humor é surpreendentemente negro.

Não tente enganá-la. Não tente conquistá-la. Ela sabe quando é tratada como idiota ou como troféu e irá atrás de você. Ela fará você se sentir como algo pior do que lixo até que esteja implorando para que pare.

E ninguém escapa dela.

Ninguém.