A VISITA

Maria Fernanda era uma mulher de estreita convicção com Deus. Sempre com a Bíblia na mão lembrando a palavra, rezando o santo terço intercedendo pela própria vida e de todos os seus. Sonhava muito com as coisas dos céus. Podia prever muitos acontecimentos sobre sua vida e de pessoas próximas.

Certa noite estava sozinha em casa, pois seu esposo estava no trabalho e suas duas filhas e o filho caçula, estavam se preparando para o vestibular. Ela aproveitou o tempo e acompanhou suas novenas pela televisão e as missas. Depois disso leu algumas páginas da bíblia do livro de

Isaías. Rezou uma dezena do terço e foi conversar com uma amiga no facebook. Conversaram durante uma hora. Só depois foi dormir. Com dois terços, um no pescoço e outro na mão. O que levava na mão era pequeno e não dava para colocar no pescoço. Então ela o enrolava na mão. Esse terço era especial para ela, costumava dizer que se ela não rezasse com ele, ele pararia de brilhar no escuro. E parava mesmo. Ele era amarelinho. Quando a reza de Maria Fernanda estava em dias, ele brilhava muito no escuro. Dava prazer de se ver. Ela adormecia rezando o Pai Nosso e as Ave-Marias todas.

Foi dormir assim e se perguntando porque ainda não recebera ainda nenhum sinal maior de sua Mãezinha do Céu. Não que estivesse cobrando isso de Nossa Senhora, mas é que sabia que outras Marias, com bem menos tempo de oração falava de muitos sinais. Maria Fernanda aceita um sinal, mas que venha do desejo e na hora que a Santíssima Virgem assim o querer e assim o permitir.

Dormiu pouco durante a noite. Seu esposo era enfermeiro e estava de plantão. Ela rolou na cama a noite inteira. Pela manhã, mais precisamente, lá pelas seis horas, ela começou a sonhar. Estava na escola com seu supervisor analisando lotação dos professores e outros projetos da Escola, onde atuava como vive-diretora. De repente, já se apresentava em sua própria casa. Sentada num banco, na cozinha e fazendo crochê.

Quando levantou os olhos em direção à porta da sala, viu uma senhora entrando, coberta com vários panos e véus, e um carneirinho branco a acompanhava do seu lado direito. A senhora entrou com as mãos postas, dirigindo-se para o local onde a bíblia estava aberta, na estante. Um lugar de destaque da casa.

Maria Fernanda de súbito reconheceu a Senhora , foi correndo ao seu encontro. Quando chegou. O corpo da mulher desapareceu só deixando ali muitos raios de luz e o carneirinho. Maria Fernanda se lançou naquela luz, se permitindo tocar, cobrir todo o seu corpo naquela boa energia que dali se emanava.

Enquanto ainda estava sob o domínio da luz acordou. E já não sabia se era sonho ou realidade, ou ainda,se ela se jogou na luz, ou se a luz se lançou sobre ela . Ainda sentia aquela energia em si. Levantou-se rapidamente, pegou o terço e se pôs a rezar por todos os necessitados, por si mesma, por sua família. E também agradeceu por aquele momento único em sua vida.

Mais tarde daquele dia, enquanto todos já tinham almoçado, Maria estava tirando um cochilo, quando ouviu um bé é é é. Ela sorriu feliz. Esse sinal ela não poderia contar a ninguém, pelo menos por agora.