O SONHO III.

No meio da manhã, fazendo compras na feira livre. Repentinamente, um corre-corre acompanhado de gritos de "socorro" e "salve-se quem puder". Todos corriam na mesma direção, tentando desvencilharem-se daquela fera, um leão que havia se libertado de grades fortes em uma casa próxima àquele comércio. O desespero e a correria mexeram com meu sistema nervoso, que, na época, criança, não conseguia acompanhar a velocidade das outras pessoas. Quanto mais tentava, maior era a dificuldade em me locomover na fuga inusitada e desesperada. Algumas pessoas ainda tentavam, em vão, em ajudar a me afastar daquele rei das selvas, que ora corria atrás dos menos velozes, ora parava nas barracas abandonadas, para saborear frutas e legumes deixados pelos feirantes. E a luta contra meu corpo continuava, cada vez maior, mas as dores musculares aumentavam surpreendentemente e me continham os movimentos até que finalmente inerte fiquei. Parado, estacionado no meio da rua, esperando o desfecho daquele angustiante momento em que o felino me morderia, trucidaria um indefeso moleque. Foi então que o bravo animal chegou veloz, frente à frente comigo, urrando fortemente, senti até o calor de sua respiração, quando fui abordado, com uma sensação de quentura no braço, por minha mãe, que me chamava para tomar o café da manhã.

Por: Jaymeofilho.

02/03/2015.