Saga Duma Alma
 
Permita que eu me apresente: Sebastião Uostom Mortinho Terceiro. Estou aqui para contar a saga de uma mulher que nasceu livre, morreu escrava. Minha ancestral, mãe da mãe, da mãe da minha avó.

Ao acordar da morte infringida por latentes chicotadas ao tronco atada, Chicória se viu aonde sempre sonhara que estaria ao acordar da morte, no paraíso. A sua volta saltitavam crianças brincando sorrindo cantando, numa alegria que a contagiou, e chorou. Chorou por lembrar-se da sua infância em seu país natal. Imediatamente sentiu enorme desejo de encontrar seus pais, não tinha dúvida de que também estariam naquele lugar abençoado. Porém, antes de dar início a procura foi interpelada por um homem que se identificou como Arcanjo Michael - pela descrição que ela fez tive a impressão de parecer-se muito com John Travolta- que se disse responsável por ambientá-la em sua nova morada, e pola a par dos seus direitos e deveres enquanto estivesse ali residindo. Findo o tur de apresentação do local, e a par de seus direitos e deveres, Chicória partiu a procura dos pais, pois o Arcanjo Michael ao ser inquerido por ela sobre onde encontrá-los respondeu secamente: Não é meu departamento.

Feliz e ansiosa partiu Chicória, mãe da mãe da mãe da minha avó a procurar por seus pais. Era gostoso caminhar descalça por aqueles caminhos macios como algodão. Encontrou muitos conhecidos, mas nenhum sabia dos seus pais e ela seguiu a caminhar na certeza de que os iria encontrar. Deparou-se com uma placa onde estava escrito: INFORMAÇÕES>. Ela foi no sentido da seta e logo encontrou a fila de almas procurando por informações. Esperou pacientemente, sempre sorridente. Ao chegar no balcão de atendimento assustou-se e gritou de pavor. Todos os 666 atendentes eram vermelhos tinham chifres pés bifurcados rabos compridos e pontiagudos, logo reconheceu entre eles alguns ex proprietários dela quando escrava.

Chicória abandonou a fila correndo temendo ter entrado no caminho errado e chegado naquele lugar cujo nome ela nunca proferia. Foi contida por uma alma azulada que beijou-lhe a face com beijos de luz. Acalmou-se. A alma Beijos de Luz explicou para Chicória o motivo da presença dos vermelhos chifrudos no paraíso. Todos os 666 estavam em regime de regressão de pena. Se eles se comportassem bem no trabalho por 10.000 anos assumiriam aparência de almas do bem e permaneceriam entre as almas do bem no paraíso. Chicória voltou para a fila. Perguntou pelos pais e foi informada que um motocapetaboy a levaria até a comunidade aonde seus pais moravam.

O motocapetaboy tinha crachá com seu nome, e se ele agisse de maneira errada com passageiros estes deveriam ir a central de reclamações registrar boletim de ocorrência e se comprovado o delito o meliante perderia pontos na carteira de motocapetista. 77 pontos perdidos ele seria devolvido para o lugar de onde veio imediatamente. O nome do vermelhinho era Duardo Cunha Tecuida. Tratava-se de vermelhinho do mal com 76 pontos perdidos na carteira de motocapetista. E não deu outra. Levou Chicória para um cabaré e a coitada mais uma vez comeu o pão que o diabo amassou.

Mas o tempo passou. Chicória sempre se comportou como era esperado, tratava-se de alma do bem e foi contemplada com nova viagem para o planeta terra. Passou maus momentos por lá também, mas sobreviveu e venceu. A mãe da mãe da mãe da minha avó, acreditem, foi eleita duas vezes presidenta de um país com direito a reeleição. No primeiro mandato as coisas foram bem, mas no segundo tudo deu errado.
Adivinha quem está em regime de regressão de pena na presidência da Câmara Dos Capetados. Não é Raimundo Nonato. Acertou, o motocapetaboy Duardo Cunha Tecuida.

Este é um resumo da saga da mãe da mãe da mãe da minha avó que desta vez vai aprender que em todo lugar existe filiais do inferno.
Yamãnu_1
Enviado por Yamãnu_1 em 15/04/2016
Reeditado em 16/04/2016
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