Trialidade Antagônica.

Era um campo vasto e plano, gramíneas suavemente ressecada pelo ar seco do deserto, tudo parecia longe, à perder de vista. O céu azul distante, levemente acinzentada indicava que era preciso avançar, mas o medo do desconhecido percorria todo o meu corpo. Era eu ali, um covarde enclausurado numa casinha de madeira de comodo único, de paredes e assoalho apodrecidos como se ninguém o habitasse por séculos. E o velho senso de prudência que me acompanhava o reconhecia como seguro e dizia o tempo todo com voz inaudível, que seria tolice arriscar perder aquele pouso, mas era preciso seguir.

Saí para fora do quartinho e parei no meio da estrada de terra vermelha, que de tão extensa, perdia-se de vista ao longe. Juntei todas as forças para avançar e vencendo o medo irracional, comecei a caminhar. Devo ter andado uns 50 ou 100 metros e olhei para trás e me vi lá, parado a me encarar contrariado... Minha mente pousou no eu retardatário e assim, pude me enxergar lá na frente, confesso que senti inveja de mim lá na frente e resolvi abandonar o lado fraco do meu Ser que queria ficar. Minha mente abandonando o covarde, pousou novamente em mim lá na frente. Com vontade de avançar redobrada pela vitoriosa avaliação de minhas forças, dei uma última olhada para trás e não mais me enxerguei.

Comecei a caminhar devagar vencendo quilômetros, sentindo energias nobres. Durante a caminhada, misterioso vento começou a soprar de frente, e aos poucos um leve sono começou a pesar sobre minha consciência, embora ainda continuasse a caminhar. Foi aumentando até o ponto o sono ser pleno... Suavemente despertei em meu leito com o canto repetitivo do sabiá na arvore lá fora, totalmente revigorado. Sem dúvidas, foi uma excelente noite de sono.

maxximusvero
Enviado por maxximusvero em 28/10/2017
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