Sobre - natural

Segundos antes de o despertador soar seu irritante alarme, ainda dormindo profundamente, despedi-me de alguém em meio a pesada nevoa do sono, não sei quem era - era como se estivesse saindo de uma realidade e entrando noutra. Ouvi minha voz dizendo: "agora tenho que acordar", foi tão alto que talvez tenha saído de forma verbal do lado de cá... Celular desperta e ainda de olhos cerrado, o desligo e ao abri-los levemente, percebi a silhueta de uma entidade bem alta em pé ao lado de minha cama, visualizei a túnica alva e cabelos grisalhos. Agora tinha certeza de que não era mais possível estar sonhando. Assustado fechei os olhos e logo que abri não havia mais ninguém no quarto e o sol já entrava pela janela iluminando os livros sobre a estante. Coisa de louco -pensei. Espreguicei-me e levantei, no primeiro passo, senti que esbarrei em algo invisível parado, justamente no local onde havia visto o estranho personagem. Ele ainda devia estar ali, pois desperto e consciente, já havia cortado os laços com o misterioso fenômeno dos sonhos malucos. Me questiono se os consideraria malucos enquanto estou a dormir, já que vivencio situações que enquanto acordado, só consigo lembrar de fragmentos dispersos num mar de incredulidade proporcionado pela razão, que refuta o sobrenatural de forma muito natural.