Estranho estado.

Estava de bicicleta pedalando pelo asfalto em um dia radiante de sol e cores. Resolvi pegar um atalho para chegar mais rápido em casa até que adentrei em uma região totalmente escura, o ar ficou pesado e a bicicleta tornou-se obsoleta, já que as forças musculares não conseguiam mais mover o pedal. Abandonei-a e comecei a caminhar sem direção em meio ao breu assustador. Aos poucos comecei a perceber a região, um vasto campo banhado por uma luz opaca, acinzentada e coberta por grama ressecada, parecia não haver água em lugar nenhum. Levei tempo para compreender que o que me era apresentado, não era proporcionado pelo sentido da visão, ali a escuridão roubou este dom, mas a percepção da região tornou-se uma ferramenta importante. No campo vasto havia várias caixas de entulhos imensas semelhantes a edificações mau construídas. Em meio a elas, passavam ruelas estreitas e lamacentas (não entendi como a falta de água criou lama). O céu coberto de nuvens pesadas dava a impressão de que a região tinha seus limites, igual a um imenso depósito, mas na realidade era aberto e soprava um vento seco, fétido e quente que contorciam as estranhas formas vegetais distantes e ardiam os olhos. Caminhei não sei quanto tempo e longe das edificações sombrias, vislumbrei um horizonte claro com os olhos naturais, dei graças a Deus pela devolução do dom da visão... lá na frente um foco de luz mostrou imagens bem familiares como o Morro Santana e os bairros em seu entorno, mas um rio profundo e caudaloso, de leito rochoso e intransponível jogou fora todas as minhas esperanças de retornar a dimensão doméstica e com lagrimas nos olhos, pensei ter visto minha casa, minha rua e minha consciência adormecer para sempre na escala do tempo sem fim.

Acordei às 10h10 com o despertador, comovido com o drama do personagem do sonho, e elevei minha gratidão aos céus por não ter sido eu, por ainda não ter chegado minha hora

maxximusvero
Enviado por maxximusvero em 05/11/2017
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