Um homen à procura de si mesmo
          Era um viajante solitário. Não tinha conflitos mas não sabia construir um mundo real para si. Era difícil mesmo de encontrar um caminho. E se o encontrava, dele se distanciava. Não queria sua alma observada. Queria a paz de transeunte ingênuo, de criança tranquila e feliz . Tropeçava em pedras; com elas tentava reconstruir o caminho procurado. Não se considerava sofrido nem incapaz. Gostaria de ser amante ardoroso, mas seu jeito desleixado, desacreditado não haveria de se dar bem com a paixão. Esqueceu...
          E a solidão? Seria sua companheira ou peça chave para que não se fixasse em um só caminho? Não tinha apego a nada. Era estranho. Mas amava a  natureza. Fazia orações à beira dos riachos que vez por outra encontrava ao longo de sua caminhada. Via na natureza Deus. Não se considerava um ser agnóstico. Sofria com o desmatamento e não podia perdoar seres que maltratavam a natureza. Esses homens será que amariam a Deus? Questionava consigo mesmo sem delírios nem paixão.
          Nas esquinas, costumava alimentar animais famintos. Animais, sem dúvida nenhuma, eram seres divinos. Faziam parte de seu mundo tão peculiar.
          Esse homem, viajante estranho, não cansava de percorrer mundos, até imaginários, como se não fosse desse planeta. Gostava  também de cantarolar músicas de tom suave e triste. Tinha cultura e como sobreviver. Vez por outra se colocava à disposição de quaisquer pessoas para lhes auxiliar no que precissassem quando se encontrava em determinado local. Aí tinha oportunidade de exercer seu  senso de cooperação e exercitar seu amor ao Próximo. Não permitia , no entanto, que as pessoas lhe extraíssem sua essência.
          Afastava-se, procurava outros mundos e sumia na multidão.
Vilma Tavares
Enviado por Vilma Tavares em 17/11/2017
Reeditado em 17/11/2017
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