a Onda

O recepcionista do hotel me pergunta com uma voz perturbadoramente tranquila:

“Os senhores estão fugindo da Onda?”

Balancei a cabeça assentindo, os olhos arregalados, a voz desesperada.

“Claro! Vem aí uma Onda monstruosa em nossa direção que varrerá tudo diante de seu caminho! Há poucos segundos, avistei-a pela janela do quarto!

“Isso sempre acontece senhor, não tenha medo...” me responde ele.

“Fugiremos, me devolva a chave do carro pelamordedeus!!!

Já na estrada que atravessa Mangaratiba, caía uma forte tempestade.

Apenas eu parecia estar em pânico, a mulher que me acompanhava mantinha-se extraordinariamente tranquila, com os olhos vidrados e fixos na estrada.

Acelerava à toda o carro pela serra do caminho real de Paraty, a grande Onda nos perseguindo, e as águas impetuosas jorrando do céu.

Então, chegou uma hora que fugir se tornou inócuo, capitulei, e fomos atingidos pela enorme Onda, submersos pelas águas do oceano atlântico, arrastados pela maré, mar adentro, tinha certeza que jamais voltaríamos vivos.

Homem de preto
Enviado por Homem de preto em 17/12/2017
Reeditado em 25/05/2022
Código do texto: T6201286
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