Surreal

Sonhei que estava na parada, mais precisamente no corredor de ônibus da Baltazar, esperando o ônibus pra voltar pra casa, mas estava no sentido bairro-centro, mesmo assim o aguardava. A noite era escura e abafada, iluminada apenas por algumas poucas lâmpadas fluorescente que ainda resistiam ao vandalismo, não haviam outras luzes senão aquelas que escassamente me iluminavam. Notei que além do vento quente e seco que soprava, a escuridão era cortada pelos sucintos flashes de relâmpagos que cruzavam os céus... dava impressão que era alta madrugada e que logo cairia uma tempestade, mas não conseguia precisar que horas eram, mesmo olhando frequentemente para o relógio de pulso. No meio do planalto, em local onde não era possível determinar o que era céu e chão, refletiu sobre meus olhos as luzes de faróis, era o ônibus, até que enfim. Estava vazio, mas logo atrás estava vindo outro e mais outro e outro, no total de sete ônibus, todos vazios e em velocidade media para corredores. Embarquei no quarto ônibus sem ver os que estavam atrás, mas até agora, desperto e pensativo, não consigo entender como soubera dos outros três, se tinha embarcado antes? Será que alguém me falou? mas não tinha ninguém, nem mesmo motoristas ou cobradores, apenas veículos, trevas e repentinas luzes...

O carro avançava madrugada a dentro, minha ansiedade diminuía pela sensação promovida pelo rápido calculo que fiz, mostrando me que em sete minutos estaria no Jardim Algarve, na minha casa. A escuridão continuava, o calor, o vento quente e abafado, sentia o balançar constante, a fome batendo, o cansaço do dia de peleia e um pouco preocupado... quando chegaria?

Começamos a subir uma colina e no alto se avistava luzes intensas, que gradualmente iluminava o caminho a seguir... não estamos indo pra casa - pensei, estamos quem? se estava sozinho a viagem toda? mas nem por isso estranhei. Quando o veiculo entrou na luz do dia, sol brilhando, temperatura amena, o ônibus começou a cortar vastas avenidas e ruas de uma localidade semelhante a cidade de Gramado/RS, vi pessoas caminhando pelas ruas e praças, enfeites de natal por toda a parte, senti-me acolhido, mas com saudades de minha casa, meu bairro, dos cachorros latindo na rua, de minha grama, que tinha que aparar... Sentia-me no céu, mas precisava voltar pra casa... neste instante eu acordei.

Por alguns minutos meditei e exclamei: Cara que loco isso!

maxximusvero
Enviado por maxximusvero em 02/01/2018
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