Eva & O Inferno de Éden

Eva não fora capaz de exercer o papel designado pela natureza ao seu gênero: prover um filho. Eva até provera, mas a um natimorto. A Mãe de todas as criações, vendo-a sofrer em ardor pela a lâmina corrosiva que lhe estuprara o direito umbilical à vida digna, subjugou-a como adequada a cobrar a Sua dívida. Eva levaria à criação bastarda da Mãe — o ser humano — a ruína decorrente de sua própria lâmina egoísta. A humanidade havia por séculos imperado descrente do próprio Jardim a que reside — o Seu jardim. O ser humano usurpara a sua Maçã, a devorara, a cuspira, e agora restava-lhe nada além da decadência e a lagarta corruptiva pelas paredes a devorar as sobras ainda puras. Haviam sugado a todo Saber, e a nada conheceram. Era aproximado o momento de cobrar-lhes. E a Mãe escolhera ao seu receptáculo andante sobre esta terra para disseminar a sua cobrança. Eva montara a um cavalo cegamente ensolarado com sete chifres elementais de componentes necessários à vida e ao seu desenvolvimento e viajara a cada continente disseminando a germinação podre da Maçã em solo: fome, guerra, sede, praga, fogo, absência, e finalmente o Pai de todas as vidas, Morte.

ilLoham
Enviado por ilLoham em 11/12/2019
Reeditado em 01/11/2023
Código do texto: T6816604
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.