FLATULÊNCIAS DE FAMÍLIA

Nessa minha vida, eu já vi muita coisa absurda, estranha e diferente. A humanidade não para de nos surpreender e vai se encaminhando cada vez mais na direção de condutas inacreditáveis; sendo assim, nos dias de hoje não se pode duvidar de nada. Eu tive o desprazer de presenciar uma das coisas mais nojentas e chocantes no que diz respeito ao comportamento do ser humano. Conheci uma diferente família que se dedicava às flatulências. Sim, eles tinham um inusitado “lazer”; ou “esporte familiar”, que consistia em competir entre eles para verificar quem era o detentor do peido mais fedido, mais barulhento, mais nojento, etc.

Toda a família participava com imenso orgulho e satisfação: pai, mãe e todos os filhos. Não importava onde eles estivessem. A competição acontecia em qualquer lugar; em casa, na rua, diante de pessoas conhecidas ou não, na frente das visitas, etc. O campeonato de flatulência não cessava nunca. E eles anunciavam a todos os presentes que iam peidar; para que as pessoas ao redor pudessem observar, sentir e testemunhar aquela cultura escrota que eles defendiam orgulhosos como uma tradição. Aquela situação era digna de um cenário apocalíptico nos esgotos mais imundos do planeta.

Acredito que essa família sofria de algum distúrbio psicológico. Quando um deles peidava, os demais familiares gargalhavam de boca aberta, riam muito, aplaudiam e comemoravam como se fosse um gol em final de copa do mundo. Um apoiava e valorizava o peido do outro; um incentivava o outro a se superar. Um cheirava o peido fedido do outro e avaliava, comentava e dava nota. O peido era assunto na mesa durante as refeições em família. Era repulsivo demais; algo anormal.

Quando os filhos apresentavam seus namorados ou suas namoradas aos pais, faziam questão de fazer demonstrações de peidos; constrangendo os recém-chegados naquela bizarra família. Para eles, peidar era uma arte que devia ser compartilhada com toda a comunidade. Era uma família unida pelos gases intestinais. Eles peidavam enquanto conversavam, enquanto comiam, enquanto dormiam. Eram praticamente criaturas mutantes. Como podiam peidar quando e quantas vezes queriam? Quem na sua família é capaz de realizar tal proeza? Eu não consigo; nem comendo feijão apimentado com ovo cozido e repolho.

Esse clã da flatulência, fez do ato de peidar um costume, uma cultura que defendiam como se fosse um tesouro. Achavam bonito, sensual, engraçado, saudável e era um motivo de orgulho. Alguns minutos junto dessa família faria urubus, abutres, hienas e ratos vomitarem com nojo. Mas no Brasil, perguntava um velho ditado: “o que é um peido para quem está todo cagado?” Eu diria mais: O peido é um arroto que fracassou e resolveu sair pela porta dos fundos.

Adriano Besen
Enviado por Adriano Besen em 23/11/2021
Código do texto: T7392019
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