Nego Valdelino e o Metaverso

Nego Valdelino e o Metaverso

 

 

 

O ultimo esforço da razão e reconhecer que

existe uma infinidade de

coisas que a ultrapassam .(Pascal)

 

 

 

Primavera do ano em que Custodio completava 18 anos e passara suas férias no interior do interior daquela cidadezinha pacata encravada no alto da Serra dos Órgãos,

O rapaz estava impregnado com toda a espécie de tecnologia e mal, observava a deslumbrante paisagem abismal à sua frente.

O festival de cores e matizes das borboletas ,joaninhas passava-lhe despercebido...

Ah! Que uma prazenteira brisa soprou-me aos ouvidos a voz distante de Nietzsche:"Se minhas loucuras tivessem explicação ,não seriam loucura!

Diante do aval filosófico, sinto-me, inteiramente, à vontade em iniciar a narrativa.

O jovem Custodio foi ter ao humilde casebre de Nego Valdelino ,pois, a saudade ,"Encantada ponte entre o passado e o presente ,fazia com que a vida passada voltasse à passar ,novamente"...

-Valdelino ,como senti saudade sua!E vim lhe trazer um grande novidade. Trata-se do Metaverso" Com estes óculos poderemos viajar para qualquer lugar sem sairmos do chão, você poderia me visitar ,enviando o seu avatar .Aquelas palavras ressoavam aos ouvidos daquela criatura mais doce que a própria doçura cujo sorriso de lua minguante alumiava a noite mais tenebrosa como algo ,deveras estranho.

Custodio colocou os óculos no rosto de Nego Valdelino que permaneceu em silencio por alguns segundos e interrompeu a experiência com sua risada mansa seguida de uma espécie de coaxar de quem convive com sapos...

A noite caira sem que o jovem se apercebesse e o Nego Valdelino falou :Meu filho, olhe bem para o céu e escolha qualquer estrela de seu agrado.

Sem muito entender ,Custodio fixou para Aldebaran,a estrela vermelha da constelação de Touro.

 

Após alguns minutos de profundo silencio ,a imagem de velho torna-se espectral ,translúcida e sua voz reúne todos os sons do universo... "Meu filho, faça a viagem que lhe aprouver ,além do tempo e do espaço".

Custodio ,subitamente, se encontra numa pequena sala e se surpreende ao estar presente no dialogo entre Jesus e Nicodemus !Ouve ,emocionado, a resposta que o sábio iria guardar para sempre! O Nazareno sorri suavemente para o jovem que ,aos prantos ,abandona o recinto. No instante seguinte ,as águas tintas de sangue do Rio Sena o sacodem como que levando-o à tenebroso pesadelo!Estava em plena revolução francesa e à seu lado, o apavorado Camille de Moulin vinagreiro da nobreza que escapara da morte por compartilhar seu produto com o povo .Custodio assistiu ao exato momento em que a Bastilha desabou dando origem à um novo país regido por Liberdade, Igualdade e Fraternidade...Custodio percorreu as ruas parisienses aspirando ares de uma nova humanidade!

A emoção era tanta que o jovem retornou de regiões e tempos longínquos e o rosto amigo ,sorridente do Nego Valdelino aguardava ,pacientemente.

O jovem olhou para seus óculos de realidade virtual e para o firmamento e permaneceu fitando Aldebaran por alguns minutos.Abraçou o ancião e retornou à casa grande da fazenda...

Nego Valdelino percebeu ,depois ,que Custodio havia esquecido os óculos sobre a velha cadeira de balanço ...

 

 

O personagem Camille de Moulin è singela homenagem ao escritor e jornalista Luciano dos Anjos