__...A luta de Matilda...__ (Cap. Final)

Matilda, depois de algumas horas de descanso, abriu os olhos e saiu a procura de Zákrina. Caminhando por entre os corredores escuros daquele lugar, encontrou um quarto o qual a bruxa revelara seu segredo.

- Titia? – Perguntou Matilda.

Zákrina, arregalou seus olhos, virou-se começou a explicar para Matilda todo o ocorrido.

- Venha, sente-se aqui. – apontou a um banco de tronco de árvore, inteiro rústico. – Bem, estou presa aqui a anos, minha querida. Aprendi a verdadeira arte da magia, não essa magia que os humanos conhecem na Terra! E para fugir dos asseclas de Gorgoroth, tive que usar da magia para mudar minha forma física. Essa pele enrugada, queimada, queixo comprido, olhos negros que você conheceu aqui, é apenas uma maneira de despistar os seres deste lugar! Eu, na forma humana, se for encontrada, serei usada como escrava de Gorgoroth e depois sacrificada. Todos os dias, eu desfaço a magia por alguns minutos, para lembrar quem eu sou, humanamente falando.

- Mas então, quem é que está na Terra em seu lugar?

- Como a verdadeira magia é algo além da compreensão humana, usei dela para criar uma espécie de clone meu! A metafísica ou os cientistas da Terra, jamais conseguiriam explicar como fiz aquilo. Mas entenda, precisava me proteger e proteger a ti. E aquele ser ou clone, como queira assim chamar, foi taxado de louco pois é apenas uma cópia minha. Ele age meio que robotizado, portanto, qualquer um que convivesse com ele, notaria algo estranho. Por isso foi internada em um manicômio.

Matilda então abraçou fortemente a tia, a agradeceu pela confiança e por contar toda a verdade.

- Minha querida, preciso te contar mais algumas coisas. Daqui a algumas horas abrirão vários portais para diferentes dimensões. Chamamos de o Poder da Energia das Alturas. Porque chamamos assim? Como aqui não existem dias ou noites e nem horas, tudo isso é invenção humana da Terra, para que vocês consigam manter uma vida organizada. Bem, como vivi aqui por muito tempo, decorei a época em que acontece a abertura dos portais. O seu portal, o portal do seu espelho de onde você veio, se abrirá dentro de pouco tempo, nas profundezas do Lago das Lamúrias.

A moça, ouvindo toda aquela história, teve um lapso de conforto e respondeu:

- Vamos então tia, vamos embora desse lugar! – exaltou-se.

Zákrina ou Karunah, tal qual era seu nome humano; cabisbaixa respondeu:

- Não posso mais minha querida! – respondeu acarinhando a alva face de Matilda. – Devido à magia de proteção que criei para mim, caso eu mude de dimensão ou volte para a dimensão 3D, meu corpo se dissolveria no mesmo instante. E pelo tempo que estou aqui, meu corpo está menos denso e a energia densa da Terra, também me mataria. Além do que se passaram muitos anos na Terra, certamente eu já estou morta a uma hora dessas. Estou condenada a passar o resto de meus dias aqui, Matilda!

- Não tia, deve ter algum jeito, alguma maneira de levar você para casa! Tem que ter! – gritou aos prantos e em desespero, abraçando-a.

- Me perdoe minha querida, mas, não existe uma maneira para isso, me perdoe. – respondeu Karunah. – A única coisa que tenho que fazer é distrair Gorgoroth enquanto você caminha para o Lago das Lamúrias. Conheço os riscos, mas é um dever meu que volte segura para sua casa.

*

- O tempo, nessa dimensão, é conduzido de maneira diferente do tempo humano tridimensional, Matildal. Alguns dias aqui, são anos na Terra. Por isso você deve se apressar a não perder a abertura desse portal. Pelo tempo que está aqui, já se passaram uns bons anos em sua dimensão.

- Mas, e você tia, seguirá para o covil de Gorgoroth?

- Sim, eu alguns escudeiros plantaremos uma espécie de bomba de plasma, nas profundezas dessa terra, para que possamos explodir parte da dimensão e por sorte, matar Gorgoroth E quanto a você, enviarei meus amigos para te protegerem. Leve isso e use somente quando realmente precisar. – entregou uma espécie de amuleto feito de galhos de árvore e uma pedra negra em seu centro. – e assim caminharam em sentidos opostos.

Phyrian acompanhou Matilda até a parte de fora do mausoléu, onde alguns seres e feras a aguardavam. Haviam elfos, duendes, fadas, seres de pedra, seres espectrais de olhos rútilos vermelhos, seres feito de plantas; uma variedade espetacular, onde qualquer contador de histórias de fantasia, se exaltaria diante de tanta beleza!

O céu em tons avermelhados, denotava a presença maligna de Gorgoroth por toda aquela região!! Matilda pariu, de coração partido, por ter que deixar sua tia para trás, mas ainda assim precisava cumprir sua missão.

Passadas longas horas de caminhada chegaram ao Lago das Lamúrias. Era um lago de extrema beleza, com uma água muito diferente da Terra. Ela era mais densa, em tons neons que variava do azul ao negro.

De repente, do céu, a luz começava a surgir vívida e luziu por toda a dimensão. Os raios fúlgidos eram de uma beleza rara e notória! Matilda, maravilhada diante de tanta formosura, levantou-se hipnotizada. Phyrian gritou para que se abaixasse, pois logo adiante uma horda de lobisomens fazia a proteção do lago.

Foi então que um deles notou a presença de Matilda e pulou para ataca-la. Mas antes que chegasse perto dela, um ser espectral adentrou por sua boca e o explodiu de dentro para fora. Os outros cinco lupinos correram na direção das criaturas. Phyrian e um elfo deram uma poção para Matilda, afim de acordá-la. Aos poucos, a moça foi caindo em si, agradecendo aos seus aliados ali presentes.

No auge da força da luz provinda daqueles céus, Pyrian apontou para que Matilda corresse para o lago, pois a qualquer momento o portal se abriria.

Quando a moça correu, um ser da floresta elevou seus galhos fazendo com que ela tropeçasse e caísse cara no chão!! Pyrian emanou um sibilo agudo, explodindo aquele ser e mantendo todos ali paralisados. Matilda, trépida, levantou-se em meio à batalha e cambaleante, fora entrando no lago.

Phyrian não conseguindo manter por muito tempo seus gritos, caiu sobre a relva. A batalha entre os lobisomens e os outros seres, era sangrenta e violenta! Por mais que a dimensão fosse menos densa, ali também haveria sangue e vísceras; logicamente que em outra forma.

Quanto Matilda colocou seus pés, a água densa a prendeu, fazendo com que ela perdesse os movimentos de seus membros inferiores. Parecia que algo não permitia a entrada dela no lago! Foi quando Zylian surgiu com outros elfos negros. Seus discípulos trataram de acabar com a batalha, matando um a um dos aliados de Matilda.

- Ora ora, o que temos aqui? Uma humana presa no Lago das Lamúrias? Achou mesmo que seu portal abriria nesse local e nesse exato momento você voltaria para sua casa? Não mesmo! – gritou, esbofeteando a face direita da garota.

- Me mate logo, traidor!! – gritou Matilda.

- Ah não, seria muito fácil, simples e trágico demais! Quero vê-la sofrer, garota, quero que seu sangue seja o alimento de meu senhor e que suas lágrimas despenquem de seus olhos, sobre essas águas a qual você permanece presa!! É daí que vem o alimento para muitos de nós, as tão agridoces lágrimas humanas! É por isso que de tempos e tempos, sequestramos vocês através de seus espelhos, que nada mais são do que portais para o nosso mundo! E vocês o utilizam por pura vaidade humana!! Réles mortais!!

- Maldito!!! – esbravejou a moça. –

- Lembre-se que você tem um pacto de sangue comigo, certo? Ahhh você não se lembra não é mesmo? Que peninha, garota, que peninha! Aquela pedra era seu sangue cristalizado, retirado de seus olhos, enquanto você dormia. Você me deu permissão para isso, mas não se lembra, porque não estava lúcida, como a maioria dos humanos! Você assinou um contrato comigo: seu sangue como dívida sendo escrava daqui, eternamente.

Quando Matilda não sabia mais o que fazer, ouviu a voz de sua tia em sua mente dizendo: “Matilda, use de sua intuição nos momentos fatais”.

A moça então pensou, refletiu e intuiu!! Pegou o amuleto que havia ganhado da tia, apontou para a luz que refletiu na pedra negra, e como um prisma, formou o portal no lugar que ela se encontrava presa.

Num piscar de olhos Zylian esbravejou furioso e como num passe de mágica, Matilda estava em sua casa.

*

A casa estava toda destruída, em ruínas. Matilda, caminhando lentamente, cômodo por cômodo, notou que algo muito terrível poderia ter acontecido. Ouviu barulhos estranhos do lado de fora e qual foi a sua surpresa ao abrir a janela.

A cidade, o mundo, estavam completamente destruídos. Havia se passado por volta de 10 longos anos. Parecia que uma espécie de apocalipse dizimou boa parte da humanidade. Ao longe ela ouvia pedidos de socorro, gritos de dor e pessoas correndo desesperadas. Ao olhar para o céu, Matilda notou presença de naves colossais, vigiando cada passo dos que ainda se mantinham vivos.

- E agora? O que eu faço, será que minha tia conseguiu explodir o covil de Gorgoroth?

Matilda correu para o banheiro e olhou para o espelho. Fixou firmemente em seu reflexo e aos poucos, a face de Zákrina surgia como uma fumaça suave.

“- Matilda, ouça-me com atenção! Gorgoroth fez um pacto com os seres que dominam o seu mundo. Seres alienígenas poderosíssimos, dotados de tecnologias nunca antes vistas! No momento em que cheguei no covil do Gorgoroth, um desses seres, que parecia mais um dragão, com asas, mas que andava de pé e tão alto quanto Gorgoroth; conversava em uma língua desconhecida. Esse ser, negro e escamoso deve ter feito algum acordo com ele, pois logo depois da conversa entre eles, um grande portal se abriu e centenas de naves imensas o aguardavam. E pelo que vi sobrevoavam o céu aí da terceira dimensão. Não sei o que houve realmente, mas ao visto eles destruíram o planeta e mantiveram a dimensão do espelho viva, e eu, agora, preciso ir! Eles me pegaram, sou escrava de Gorgoroth. Perdoa-me Matilda, perdoa-me!” – e assim dissipou a fumaça.

- Tia, não, nãooooo! – gritou inconformada.

Ao virar-se, um desses poderosos alienígenas, a observava. Matilda, sem ter como escapar foi capturada e nunca mais vista!

A humanidade toda fora condenada e pagou o alto preço, por toda a ganância, maldade, insalubridade, arrogância; ao longo dos milênios.

Tiago Tzepesch
Enviado por Tiago Tzepesch em 09/06/2022
Reeditado em 09/06/2022
Código do texto: T7534224
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