Depois do Natal: Um conto para não ser lido à noite (cap XIX - DEPOIS DA EXPLOSÃO)

Uma das coisas que move a humanidade é a curiosidade.

Além do medo o ser humano movimenta-se, evolui e se frustra por que é curioso.

O filho do casal de turistas, portanto um ser humano, também era curioso.

Medroso parece que nem tanto, pois assim que ouviu a explosão saiu do quarto do hotel. Correu para a rua, como todos os curiosos que saíam para curiosar.

O rebuliço da explosão e dos curiosos correndo pela rua atrapalhou o trânsito.

A cidadezinha conheceu o que se chama de engarrafamento.

Os carros rodavam com dificuldade, tendo que parar a cada volta do pneu, para não atropelar algum curioso correndo, cruzando pela frente do veículo, no meio da rua.

Alguns carros, entretanto, não eram dirigidos por motoristas cuidadosos.

Algumas pessoas, além de serem movidos pela curiosidade e pelo medo, movem-se também pela cólera e pela maldade.

E o trânsito está cheio deles.

São pessoas que não se contêm diante da dificuldade de se trafegar em uma rua movimentada: xingam, avançam com o carro sobre os pedestres, apertam o outro veículo contra o meio fio... as ruas, no caso das cidades do interior, quando acontece de subitamente verem aumentado o fluxo de veículos, viram um caos….

E o risco de acidente aumenta.

Vários acidentes aconteceram, naquele alvoroço de gente e carros, nas ruas das imediações da lanchonete.

O que se pode dizer é que naquela noite os hospitais da cidade, os dois, ficaram superlotados com os feridos pela explosão e pelos acidentados. Vítimas da curiosidade dos curiosos que foram curiosar a tragédia da explosão que marcou a história da cidade.

Para encurtar a história, num dos acidentes, aliás pequeno, esteve envolvido o filho do casal de turistas.

Andava com cuidado, pela calçada.

Mas outros estavam com mais pressa e não tomaram cuidado.

Alguém, sem querer, esbarrou no menino que caiu na lateral da calçada.

Foi atropelado por um furgão que lhe esmagou a cabeça.

Morte instantânea.

Por ironia do destino, era justamente o furgão-ambulância, que se dirigia apressadamente para o local, a fim de prestar socorro…

(Continua na próxima semana...)

Neri de Paula Carneiro

Rolim de Moura – RO

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