Os aparelhos que andavam no céu.

Em Urucará tem muitas histórias interessantes a serem contadas, acho que muitas pessoas da minha época irão lembrar dessa que irei contar agora, sobre os aparelhos que andavam no céu.

Nas noites de luar que clareavam o espaço sideral, ficava lindo com as estrelas que brilhavam no céu como diamantes e a Lua iluminava a Terra, via-se no universo, o Cruzeiro estava lá, a estrela Dalva também, era a mais luminosa, assim como outras estrelas. Sinto-me muito triste por nossas crianças de hoje, não terem o prazer de ver essas maravilhas de Deus, pois o avanço da modernidade ofuscou essas preciosidades que tive o prazer de contemplar, como esse céu luminoso que vinha beijar a água, a mata e a terra.

Quando crianças, nos reuníamos para assistir o grande espetáculo nas noites de luar, víamos as estrelas mudarem de lugar, os aviões que passavam com suas luzes que piscavam e víamos uma luz que não piscava e andava de um lado para o outro, que chamávamos de aparelho.

Havia noite, que avistávamos uma, duas, três... luzes andando. Uns diziam que eram os russos que estavam nos sondando, outros que eram os ETs que estavam nos observando, outros ainda diziam que eram os americanos que esperavam todos dormirem para descer em Urucará. Havia menino que dizia já ter visto um Disco Voador pousar no campo do Mário Falabella, onde deixaram algumas cabeças de boi mortas.

Se na boca da noite a gente já via muitas luzes andando, na madrugada que haveria de ter muito mais luzes andantes. Houve uma conversa que se tratava de satélites, mas que ninguém soube explicar com detalhes do que realmente se tratava.

Certa vez, me deparei com um aparelho, depois disseram que era um balão dirigível, igual ao construído por Santos Dumont em 1899 (igual a esse da foto abaixo), que pairava no espaço bem em cima de Urucará, que desceu bem próximo do rio, de onde descia uma escada até chegar na embarcação que os aguardava. Depois acordei assustado com o sonho que tive, pude sintetizar as coisas. Será que os aparelhos são iguais a esses balões? Até hoje perguntamos. Sem nenhuma explicação plausível sobre essas luzes que andavam no espaço em Urucará.

Hoje, a luminosidade chegou nas cidades e em qualquer lugarejo tem luz iluminando a escuridão, fica muito difícil ter uma visão do céu estrelado como tínhamos no passado. Fomos sortudos, tivemos a felicidade de contemplar tão linda perfeição da obra do Criador.

São fatos e acontecimentos da minha infância que vivi e que vale a pena relembrar.

Reviver o passado é viver o presente registrando o futuro, para que não passe despercebido a nossa história literária.

Salve o escritores e poetas

Viva a Poesia regional

Que de melhor não se tem igual.

Mao, 5/6/2021

José Gomes Paes

Escritor e poeta filho de Urucará

A princesinha do Baixo Amazonas

Membro da Abeppa e Alcama.