A assistente da morte

Isabela Freitas era excelente professora de Língua Portuguesa. Era loira, sempre preferindo cabelos amarrados num rabo de cavalo, olhos negros, rosto redondo, alta e esguia em seus um metro e setenta e oito de altura.Lecionava as aulas numa prestigiada escolar particular,Pedro Vargas, localizada na cidade de Belo Campo. Em geral, os alunos da instituição pertenciam as famílias ricas, de classe média ou eram alunos bolsistas. A instituição tinha e ainda tem como orgulho de não ter nenhum(a) estudante reprovado(a) no colégio, ou seja todos(a) foram aprovados(a) com louvor, adquirindo através da disciplina quase militar excelentes notas, garantindo vagas nas principais universidades nacionais. A professora Isabela residia sozinha. Não tinha qualquer companhia amorosa ou afetiva. Em 19 de dezembro de 2018, após duas semanas do encerramento das aulas naquele ano escolar, sentiu-se entediada. Numa noite, antes de dormir, gritou contra as paredes do quarto: Se a morte viesse me levar, certamente a minha vida séria sossegada!!.

Foi ao quarto dormir, vestida de pijama rosa. De repente, ao abrir o quarto e ao acender a luz do cômodo , se deparou com a cena inusitada e assustadora. Isabela sentiu a pele tremer. O coração bateu acelerado debaixo do peito esquerdo. De pé em frente a janela aberta do quarto para a lua minguante, estava a Senhora Morte. O corpo magro e pálido tinha sob proteção um vestido cetim. No rosto sombrio, os lábios eram finos. O nariz lembrava o bico de um falcão. Os cabelo lisos exibiam a mistura de tons cinzentos e escuros. Na mão esquerda, tinha o anel num dos dedos,qual continha cravado o pequeno crânio. Isabela perguntou quem seria aquela visitante. A Morte revelou a sua identidade.Surpresa, Isabela percebeu o motivo. Fez o pedido para que a entidade levasse ela junto, pois a professora se sentia entediada com a vida. A Morte aceitou, porém com a seguinte condição: Que Isabela fosse assistente da Morte, sempre aguardando sentada junto a um dos portões do submundo, essências para a passagem das almas pecadoras para o mundo infernal, anotando os nomes dos mortos no Livro da Morte. A professora aceitou a proposta. No início, Isabela pensou que era divertido e bem melhor que passar os dias na terra sobre a responsabilidade de cumprir horários quando cumpria as obrigações do magistério. Contudo, quanto mais o tempo passava, Isabela sentia-se arrependida pela escolha. Porém não tinha nada o que fazer. Aceitou aquele destino. Num dia, A Senhora Morte decidiu dispensa-la das funções, colocando no lugar dela Crasso, antigo mensageiro da morte, que após milhões de anos de servicos prestado a Vossa Mortalidade no planeta,recebeu o emprego de pouco esforço de movimento a sua cansada alma. Antes de deixar Isabela partir, a Morte perguntou o que tinha aprendido durante a experiência naquela função de assistente espiritual.

Isabela respondeu que aprendeu a valorizar a vida.

Mas tudo não passou de um sonho. Ela acordou e foi abrir a janela, deixando a luz do sol iluminar o quarto. Decidiu dar mais valor a vida. Quem sabe aquilo não daria a chance de dar oportunidade de talvez buscar um amor a suprir a solidão. Logo pensou no seu colega professor de Inglês, Eduardo Souza. Por que não? Decidiu mandar uma mensagem, convidando o mesmo para um encontro a noite na Cafetaria Vale, somente para tomarem chás juntos e conversarem. Também o amor merece receber cuidados.

M N Salomão
Enviado por M N Salomão em 12/04/2024
Reeditado em 12/04/2024
Código do texto: T8040180
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