Aventura

Os vivos quais folhas secas derrapam interrogando o tempo. As grandes avenidas guardam suas diurnas multidões, que passam fugindo da noite, enlaçando baforadas de ilusões.

No silencio da escuridão encontramos Ana, enrolando dúvidas sobre se entra, ou não, na passagem secreta que descobrira num mosteiro bizantino. A escolha deveria ser rápida, não que a estrada de sua vida dependesse de uma ruína. Ana até tendia a não aceitar burocracias , mas, a paz, que jogava luz na entrada secreta, lhe atraia despudoradamente.

Entrou na enseada de estátuas rijas, sendo o porto, em frente, sua brutal curiosidade.

Velhos marujos, a iniciaram em leituras de como pescar melhor a sobrevivência, a pedir tostões aos passantes. Ana via uma bruma de fúria, na tagarelice das empoadas vitimas do esterco da noite. Não somente ali, se encontrava águas rasas e perambulantes figuras, mas, no mundo inteiro!

Ana sentou no bar para comer, esperando que as fadas dos Bons Dias, se enternessecem e lhe trouxessem o jantar bem merecido. Afinal, entrara pela passagem do mosteiro bizantino, esperando encontrar a magia deste outro lado.

Nada de novo via entre aquelas cartomantes da bandeja. As garçonetes estavam ocupadérrimas servindo os sanduíches aos fregueses. Chegada a vez de Ana, lhe foi servido um bom prato de sopa quente. Seus trocados, mangueados e sofridos, estavam ainda pendurados, a tilintar em seu bolso.

Nesta saída da caverna, lembrou que para trás deixara seu gato, seu pai e sua mãe. Será que estariam bem? A caverna os guardava. Se lembrava deles como se fora uma pincelada em um quadro na parede de uma casa rica. Bem tratados, mas, sós.

Ana levantou assustada, na calçada o dia ia alto, as multidões já haviam passado. Ana nem sabia como voltara da ruína para se entreter nos calçadões, cheios de endurecidos chicletes, mastigados feito bola. Ana agora sabia que havia algo do outro lado, podia então voltar para casa, se esconderia no balde de carvão e olharia o dia de amanhã de outra forma. O sol a aguardaria tinha certeza.

))§(( Angela Nadjaberg Ceschim Oiticica

angela nadjaberg ceschim oiticica
Enviado por angela nadjaberg ceschim oiticica em 31/01/2008
Reeditado em 12/05/2008
Código do texto: T840159
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.