Poema Expresso

_ Por favor, um poema expresso.

_ Com muita ou pouca rima?

_ Médio. Muita rima me dá enjôo e pouca me dá a sensação que estou bebendo prosa.

_ Perfeito Senhor.

_ Aqui está.

_ Humm. Muito bom.

_ No fim tem um sabor modernista, beirando o pós-moderno.

_ É o que mais sai por aqui.

_ A safra é boa. Tem um quê de Drummond, a suavez de um Quintana. Delícia.

_ Já experimentou Vinícius?

_ Claro. O romantismo dá um sabor interessante.

_ E quanto a Cecília?

_ Esplêndido. É outro sabor, mais sensível, dá pra imaginá-la colhendo os versos.

_ E os novos tipos de poema, te agradam?

_ Agradam-me deveras, pois são variados. Há aqueles que recorrem ao parnasianismo, outros que buscam a safra deixada por Haroldo de Campos.

_ Concordo plenamente. Todo dia surgem vários tipos e de vários lugares.

_ Você tem ai poema importado?

_ Claro. De onde você quer?

_ Dizem que dá Colômbia são bons.

_ Na verdade o forte é a prosa. Creio que se experimentar um chileno Neruda, vai se encantar. É um sabor diferente.

_ Então me vê um ai.

_ Certo. E pelo seu bom gosto, irei te presentear com um tipo que é algo surpreendente. Te darei uma xícara de Pessoa.

_ Esse não conheço.

_ Não sabes o que está perdendo, quando experimentar nunca irá querer tomar outro.

_ Exagerado. Mas deve ser bom.

_ Gostei de todos. Não há pior nem melhor. Importante é apreciar um pouco de vez em quando. Faz bem pra alma e pro coração.

13/02/08

Miguel Rodrigues
Enviado por Miguel Rodrigues em 13/02/2008
Reeditado em 13/02/2008
Código do texto: T858432
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