QUERO MEU SERTÃO DE VORTA

QUERO MEU SERTÃO DE VORTA!...

Literatura de Cordel

Autor: Bob Motta

NATAL-RN

2 0 0 8

Oi, amigo (a) leitor (a):

Esse quase que diria mini-cordel, ACABEI DE ESCREVER AGORA, 19:38 hS. DO DIA 15 jUN 2008; e é baseado no texto escrito pelo jornalista, cineasta, sertanejo de Serra Talhada-PE, terra do meu amigo e parceiro Assisão, Anselmo Alves. Foi divulgado no grupo aldeiapoti@yahoogrupos.com.br. Caso alguém saiba o e-mail desse parceiro que ainda não tenho a felicidade de conhecer, por gentileza passe para mim, que ficarei imensamente grato.

Amada Mãe Natureza,

é cum imensa tristeza,

qui eu cheguei à cuncrusão;

qui êsses tempo muderno,

tá transfóimando num inferno,

o meu amado sertão.

Anselmo Alves tem razão,

tá havendo discunstrução,

da curtura sertaneja.

Vô cum êle, me ajuntá,

qui é prumode nóis lutá,

e vencê essa peleja.

A tá tequinologia,

já entrô no dia a dia,

do irmãozíin sertanejo.

E ais nossas tradição,

eu percuro, mais in vão;

e ais nossas raiz, num vejo.

Forró muderno, na marra,

cum bateria e guitarra,

pru mode uis povo dançá.

A tá grobalização,

tá matando, meu irmão;

a curtura populá.

Ais musga qui a gente iscuta,

fala in rapariga e puta ,

in cachaça e cabaré.

Isso qui uis pôvo cunsome,

vai imbrutecendo uis hôme,,

e distratando ais muié.

E toda essa indecênça,

é feita c’á cunivênça,

dais Prefeitura, dotô.

O sinhô pode apostá,

qui já existe inté “jabá”,

nais rádio do interiô.

Ais campanha do Gunvêrno,

se incronta cum o disgunvêrno,

é difíce se lutá.

Pruquê nais praça, meu irmão,

só se passa p’ro povão,

bebê, caí e se alevantá.

Ais muié tem hoje in dia,

munto mais delegacia,

porém, véve tudo a êrmo.

Pôcas iscuta poesia,

só musga de putaria,

qui distrata a elas mêrmo.

Meu Deus, isso me revorta;

QUERO MEU SERTÃO DE VORTA,

do jeito de antigamente.

Quando ais Festa de São João,

preséivava ais tradição,

e ais raiz da nossa gente.

Quando ais cabôca facêra,

nais Festa de Padruêra,

ficava tudo infeitada;

cum uis lindo laço de fita,

cum uis seus vistido de xita,

ô suais saia rodada.

C’á sua bôca incarnada,

surrindo p’ro camarada,

ô fugindo do irmão.

Cum seu oiá cativante,

e cum o brio mais briante,

machucando uis coração.

A muié, p’ro trovadô,

merece caríin e amô,

é sua musa adorada.

Prá mim é munto querida;

merece casa e cumida,

e tombém, rôpa lavada.

Ela é prá sê respeitada,

in verso e prosa, isartada,

mêrmo quando acende o facho.

Mêrmo no amô iscundido,

do namôro improibido,

lá na bêra do riacho

QUERO MEU SERTÃO DE VORTA,

mode uví cêdíin, na porta,

o canto da sariema.

Cum o anum branco cantando,

cum o bizerríin berrando,

inspirando o meu poema.

Cum o forró de chão batido,

cum o papagái inxirido,

cum o jumento garanhão.

Cum uis matuto numa réca,

feliz jogando suéca,

no aipende do patrão.

Cum uis minino a jogá bola,

c’á professôra da iscola,

cum o bode pai de chiquêro;

cum uma boa panelada,

debaixo de uma latada,

na sombra de um imbuzêro.

Cum o café virge no cáco,

cum o véi chêrando tabaco,

c’ais festa de apartação.

Cum ais cuiêta de mío,

c’áis bêsta e porda no cio,

cum ais póica e cum uis barrão.

Cum o orváio da madrugada,

cum a melancia quebrada,

mêi dia in preno roçado.

Cum o vaquêro aboiadô,

tangendo o reprodutô,

de lá da mata, incorado.

Cum o carro qui vem da fêra,

cum uis tiro de ronquêra,

nais noite de São João.

Cum ais sangria duis açude,

cum a linguage pura e rude,

do matuto meu irmão.

Cum ais apanha de aigodão,

cum ais prosa duis pinhão,

dento duis alojamento.

Cum o carro de boi cantando,

cum o cachorro acumpanhando,

seu canto, quage um lamento.

Mode isso, Papai do Céu,

é qui eu tô, cum meu cordel,

batendo na sua porta.

Por Jesus crucificado,

Te peço, Pai Adorado:

QUERO MEU SERTÃO DE VORTA...

Bob Motta
Enviado por Bob Motta em 15/06/2008
Código do texto: T1035803
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